Indicado para Secretaria do Audiovisual quer cota nacional na Netflix
Edilásio Barra Jr., o Tutuca, defende verba para gospel e diz que “esquerda tem que entender que a direita assumiu esse país”
atualizado
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Nome indicado para a Secretaria do Audiovisual no governo Jair Bolsonaro (PSL), o pastor, produtor e jornalista Edilásio Barra Jr., o Tutuca, defende a adoção de uma cota para filmes brasileiros em serviços de streaming como Netflix e cobra o direito de obras evangélicas terem acesso a verbas públicas em um sistema “sem viés ideológico”. “Acho que a esquerda tem de entender que a direita assumiu esse país”, afirma.
“O que é ser direita? É ser liberal e conservador, é progredir com os bons costumes e a família. Por que não pode ter filme que fala da família? Por que não pode ter filme que preserve os bons costumes? Por que não pode ter filme gospel?”, questionou Tutuca, em entrevista à BBC News Brasil.
Segundo ele, a Secretaria do Audiovisual precisa ter uma visão democrática, desburocratizada, descentralizada e planejada. Entre as atribuições do órgão estão formação, editais de produção de filmes e séries e preservação de conteúdo.
A carreira de Tutuca começou há quatro décadas, dançando em um programa de auditório da TV Globo. Desde então foi ator, produtor e colunista social. Ele relata ter passado por oito emissoras e cinco atrações. Ao descrever seu Programa VIP, que afirma ter sido exibido em CNT, Band e RedeTV!, Barra Jr. diz que “tudo que Amaury Jr. fazia em São Paulo, eu fazia no Rio”.
Em 2011, fundou uma igreja para ajudar colegas do curso de Teologia e hoje diz ser um pastor independente.
Nomeação bombardeada
A nomeação de Barra Jr. na Secretaria do Audiovisual, no entanto, está sob fogo. O deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP) acusa que indicação foi negociada entre o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e o deputado federal Delegado Éder Mauro (PSD-PA), primo de Tutuca.
O atual secretário do Audiovisual é Pedro Henrique Peixoto, autor da biografia de Frota. Barra Jr. também foi alvo de críticas do ex-deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) e da deputada federal Manuela d’Ávila (PCdoB-RS) por ter compartilhado um post em uma rede social que acusa os dois políticos de ligação com o atentado contra Bolsonaro, em 2018. Ambos estudam processá-lo.
Questionado sobre o post, Tutuca diz que compartilhar não é afirmar ou acusar, mas dar “oportunidade às pessoas a saberem o que está acontecendo” em seu entorno em um determinado momento. “E aí nós compartilhamos e pronto, porque nós somos de direita e naquele momento era isso que se falava”, disse.