Haddad promete medidas duras contra bancos para baixar juros
Economia foi um dos assuntos tratados na entrevista do presidenciável do PT ao Jornal da Globo
atualizado
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Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência da República, foi o terceiro convidado do Jornal de Globo, na série de entrevistas com os presidenciáveis desta semana. Na noite dessa quarta-feira (19/9), o petista encontrou um ambiente mais confortável, ao contrário da entrevista ao Jornal Nacional, quando foi muito pressionado, e pôde expor melhor suas propostas. Entre elas, a de que vai tomar medidas duras para que os bancos diminuam o juro na ponta. “Os bancos que baixarem o juro pagarão menos impostos. Já os que aumentarem, pagarão a ganância com impostos”, prometeu.
“Temos um sistema bancário anômalo: 5% dos bancos, dentre eles dois públicos, concentram 80% do crédito. Temos que baixar o juro na ponta”, reforçou. Para isso, ele promete investir contra as grandes instituições financeiras, taxando as que cobrarem maiores juros.
Ainda sobre economia, Haddad disse que vai em busca de investimentos estrangeiros, assim como, segundo ele, ocorreu nos governos do PT. “Foram bilhões de dólares que entraram no país àquela época”, observou.
Questionado se as propostas de rever as reformas implementadas pelo governo Temer não afastaria esses investidores, o petista garantiu que não. “O que traz insegurança são as reformas desse governo. Não vejo o teto de gasto como algo positivo. Congelar investimentos por 20 anos e reduzir o Estado brasileiro até ele ficar tão pequeno, vai levar setores da saúde e educação a um colapso”, destacou.
Segundo ele, nenhum país do mundo adotou uma regra tão austera como essa. “A Grécia, na sua crise, não tomou. A Argentina, que está no FMI, não tomou. Não é uma medida inteligente. Temos obras paradas hoje. Vamos perder o investimento já feito se não as concluirmos”, disse.
Segurança e reformas
No quesito segurança pública, Haddad foi perguntado sobre o porquê de a violência ter aumentado nas gestões petistas, inclusive nas regiões Norte e Nordeste. Segundo ele, o que aconteceu nestas duas regiões é significativo, porque a renda cresceu demais. “O crime vai onde tem dinheiro. Facções criminosas do Sudeste migraram para essas regiões. Para onde tinha mercado consumidor de armas, drogas etc”, ponderou.
No tema reforma política, o petista foi lembrado que suas propostas incluem combater o “cacique partidário”. “Em que o PT se difere desse modelo político clássico?”, perguntou a entrevistadora. “O filiado manda no PT. Temos as convenções e as prévias”, ressaltou.
Contudo, a jornalista Renata Lo Prete o contestou, dizendo que decisões estratégicas, como sua própria indicação à Presidência da República em substituição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba (PR) condenado pela Lava Jato, foi “imposta” pelo líder petista.
“Eu não serei um presidente fraco. Tem uma fantasia a respeito disso”, assegurou. “Mas a liderança dele [Lula] é reconhecida mundialmente. Estive em Curitiba (em visita a Lula) com personalidades do mundo inteiro. Tenho muito orgulho de contar com a confiança dele”, ressaltou o presidenciável.
Perguntado, novamente, sobre a possibilidade de conceder indulto ao ex-presidente, caso seja eleito, Haddad contou ter recebido uma carta de Lula, que teria se mostrado indignado com o fato de esse assunto ter voltado à cena. “Lula disse inúmeras vezes que já provou sua inocência. Ele quer que os tribunais reconheçam isso, pois não há provas contra ele”, afirmou o presidenciável. “Não haverá indulto. É minha palavra final”, concluiu.