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Guedes: “Se ninguém quiser meu serviço, não tenho apego ao cargo”

Ministro da Economia é alvo de uma sabatina no Senado sobre a reforma da Previdência nesta quarta-feira (27/3)

atualizado

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Paulo Guedes – ministro da Economia
1 de 1 Paulo Guedes – ministro da Economia - Foto: Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a aprovação da reforma da Previdência, nesta quarta-feira (27/3), durante a Comissão de Assuntos Econômicos no Senado. Para o economista do governo Bolsonaro, “se ficarmos com a antiga [Previdência], vamos condenar nossos filhos e netos”.

Em uma sinalização de que pode abandonar o ministério da Economia, caso sua agenda de prioridades não seja aprovada pelo presidente e por parlamentares, Guedes afirmou que “não vai brigar para ficar no cargo”.

“Se o presidente apoiar as coisas que eu acho que podem resolver para o Brasil, eu estarei aqui. Se o presidente ou a Câmara, ou ninguém quer aquilo, eu voltarei para onde sempre estive. Tenho uma vida fora daqui. Vocês acham que vou brigar para ficar aqui? Eu estou aqui para servi-los. Mas não tenho inconsequência e irresponsabilidade de sair na primeira derrota”, disse o ministro.

Guedes voltou a afirmar que os servidores públicos podem ficar sem salário, caso a reforma da Previdência não seja aprovada. “As despesas previdenciárias estão crescendo. O Brasil vai explodir muito rapidamente. Não é uma explosão abstrata. É financeira. Você não vai poder pagar os funcionários públicos. Tem governo que está há três meses sem quitar dívidas. Não é uma ameaça, é uma análise da situação. A máquina pública vai explodir”, avaliou.

Durante a comissão, Guedes criticou o sistema previdenciário de repartição, que vigora atualmente. Pela regra, trabalhadores que entram no mercado contribuem para a Previdência de quem está se aposentando. “O nosso sistema está quebrando antes de a população envelhecer. Estamos no limite”, pontuou.

O ministro quer aprovar o modelo de capitalização, no qual cada pessoa será responsável por contribuir para sua própria aposentadoria. A proposta foi entregue ao Congresso Nacional e os parlamentares decidiram vetar trechos do texto apresentado.

Os deputados querem reformular pontos que prejudicam os mais pobres, como as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.

Durante a reunião desta quarta, um dia após desmarcar sua visita à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para debater a Previdência, em uma decisão que causou mal-estar no governo, Guedes também falou sobre a Lei Kandir, as dívidas dos estados e municípios e o pacto federativo.

O ministro avaliou o desequilíbrio dos estados e disse que, como todos estão com dificuldades, o problema não é de apenas uma gestão. Ele ainda afirmou que a falta da compensação da Lei Kandir, cobrada pelos governadores há anos, é um sintoma desse cenário.

Além da reforma da Previdência, que ajudaria a liberar mais recursos aos estados para políticas públicas, Guedes voltou a defender o chamado “pacto federativo”, com distribuição maior de recursos para os integrantes da Federação.

“Nos estados, os gastos com pessoal cresceram ainda mais do que os gerais. E quando você mergulha nisso, as despesas com inativos cresceram mais ainda. Claramente, os estados e municípios estão sem capacidade de gestão e cercados por custos que eles não controlam, como inativos”, declarou o ministro da Economia.

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