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Grupos disputam cargo de Valeixo na chefia da Polícia Federal

Dada como certa, demissão de diretor-geral já movimenta alas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro Sergio Moro

atualizado

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Polícia Federal
1 de 1 Polícia Federal - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Com a saída do delegado Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal dada como certa, três grupos já disputam internamente o comando da instituição. A movimentação reflete uma medição de forças entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e o ministro da Justiça, Sergio Moro — a quem a corporação é subordinada — pela influência na instituição.

No Palácio do Planalto, um dos cotados é Anderson Torres, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que passou a maior parte da carreira em funções fora da PF.

A prioridade do ministro, no entanto, é manter Valeixo no cargo. Caso não seja possível, o grupo ligado a Moro trabalha para manter o comando do órgão sob a influência do ex-juiz da Lava Jato. O receio é de que caso um nome de fora assuma, Moro perca a ascendência sobre a Polícia Federal.

O nome do delegado Fabiano Bordignon, atual diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), é citado como opção, conforme antecipou a Coluna do Estadão. Bordignon já foi o chefe da PF em Foz do Iguaçu (PR) e atuou como diretor da penitenciária de Catanduvas (PR) na época em que Moro era juiz corregedor da unidade.

Admitido em 2002 pela PF, Bordignon é citado como um possível meio-termo, cenário em que Bolsonaro pretende dar uma “arejada” na instituição. Desta forma, o ministro da Justiça amenizaria a derrota por conta da eventual saída de Valeixo mantendo um nome próximo no comando da PF.

Disputa de gerações
Uma das questões avivadas com a declaração de Bolsonaro sobre “arejar” a PF é a disputa de gerações para comandar o órgão. Os últimos diretores, incluindo Maurício Valeixo, ingressaram na PF no concurso de 1993. Delegados mais jovens que tentam ascender à cúpula da instituição veem Valeixo como uma continuidade da gestão de Leandro Daiello, o mais longevo diretor-geral, que ficou no cargo de 2011 a 2017.

Há duas alas vistas como fortes — ambas encabeçadas por delegados do concurso de 2002. O primeiro, liderado por Torres, tem Alessandro Moretti, secretário adjunto no DF, e o superintendente regional da PF no Distrito Federal, Márcio Nunes. Esse grupo tem apoio do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, e simpatia do ex-deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR).

O segundo grupo é o do delegado Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que se aproximou de Bolsonaro depois de assumir a chefia da equipe de segurança do então candidato, após o atentado a facada na campanha eleitoral ocorrido em setembro passado. Ramagem é aliado de Alexandre Saraiva, superintendente da PF no Amazonas, próximo do presidente.

A leitura na Polícia Federal é de que o presidente está tendo o cuidado de trocar o diretor-geral de maneira que Moro não peça demissão. Bolsonaro foi convencido de que isso não seria bom para o governo por causa da popularidade do ministro da Justiça.

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