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Grupos de extrema-direita usam Telegram para atacar STF e Congresso

Isolados pelos organizadores fornais dos protestos deste domingo (26/05/2019), radicais atentam contra os Poderes em posts no aplicativo

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Os responsáveis pelos preparativos da manifestação deste domingo (26/05/2019) esforçaram-se para isolar os grupos mais radicais e concentrar as reivindicações nas votações das propostas do governo. Com essa estratégia, buscaram evitar a debandada de eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) refratários a investidas contra as instituições.

Excluídos das convocações públicas pelos organizadores da manifestação, os setores posicionados na ponta-direita dos apoiadores do governo concentraram esforços em aplicativos com mais privacidade, como o Telegram. Entre outras ilegalidades, esses grupos atentam contra os Poderes da República.

O Metrópoles selecionou algumas postagens com esse tipo de conteúdo. “Ei, Bolsonaro, o povo vai mostrar que você tem total apoio para fechar o Congresso e o STF”, diz uma mensagem publicada por um usuário que assina Fábio Patriota.

“O Peru fechou a Corte Suprema do país, nós também podemos! Pressão total contra o STF! Pressão no Congresso”, pregou Angelo Lisboa.

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“Se o Brasil focar na derrubada e fechar o STF (para limpeza), a esquerda perderá o seu único castelo forte. Os outros covis como Senado e Câmara etc cairão todos os corruptos..”, escreveu uma pessoa identificada como Cristiano Deliberador.

“A solução existe. Se não deseja fechar de vez o Congresso, que o governo haja usando de suas prerrogativas alegando risco à segurança nacional. Acione as FFAAs para o devido apoio e suspenda por tempo indeterminado as atividades desse ‘mafioso Congresso’ e seu irmão gêmeo STF”, sugeriu Jota Barros.

O extremismo encontrou resistência entre usuários do Telegram. A última postagem, por exemplo, foi contraditada por Cleber Silva. “Isso é desinformação. Não estamos querendo fechar o STF e muito menos o Congresso. A manifestação é em apoio ao presidente Bolsonaro e suas propostas”, argumentou.

“Essa chamada está errada. Ninguém quer fechar o Congresso e o STF. Queremos a votação das reformas”, anotou Ronaldo.

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Esse tipo de ponderação demarcou as diferenças entre a extrema-direita e os segmentos mais moderados envolvidos na manifestação. Neste sábado (25/05/2019), em entrevista publicada pelo Uol, um dos organizadores do ato rejeitou a companhia dos radicais. “Não houve em qualquer momento essas pautas de intervenção, isso não existiu. Pelo menos não nos grupos em que nós estamos trabalhando”, afirmou Eduardo Platon, CEO do Movimento Avança Brasil.

Da organização, segundo Platon, também participam outros grupos que não defendem o fechamento do Congresso e do STF, como Nas Ruas, Ativistas Independentes e Direita São Paulo.

O Telegram também serviu para a patrulha interna dos aliados de Bolsonaro. A ira dos radicais voltou-se, preferencialmente, contra personalidades, políticos e grupos que apoiaram Bolsonaro na campanha, mas se posicionaram contra a manifestação deste domingo.

Um dos primeiros a expor contrariedade com o ato foi o deputado Kin Kataguiri (DEM-SP), do Movimento Brasil Livre (MBL). Ele se mostra insatisfeito com o governo Bolsonaro e, por fazer críticas, tornou-se alvo dos ataques virtuais.

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Nessa linha, posts no Telegram pedem que os apoiadores da mobilização deixem de seguir o MBL nas redes sociais. “Ainda estou com muita vontade de quebrar a cara deste Kin”, escreveu Marco Denucci.

Charge contra Rodrigo Maia
Outras personalidades, como o cantor Lobão e a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), também se tornaram inimigas dos radicais por discordarem da convocação do ato. O bombardeio voltou-se, ainda, contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), identificado pela tropa de choque extremista como um dos responsáveis pela demora na aprovação dos pacotes enviados pelo governo ao Congresso.

“Essa é a charge que irritou Rodrigo Maia. Vamos espalhar sem dó, expressa a verdade”, diz um post sobre um desenho satírico que mostra uma pessoa chegando ao Congresso com um saco de dinheiro chamado de “diálogo”. A intenção, no caso, é dizer que o presidente da Câmara, quando fala em conversar com o governo, na verdade, estaria pedindo dinheiro.

Os defensores de Bolsonaro identificam no Centrão, grupo suprapartidário com cerca de 200 deputados, a maior força de resistência à agenda do governo. Por isso, o condomínio de parlamentares entrou no foco da perseguição dos mais exaltados.

Reprodução/Telegram

Nos dias que antecederam o protesto deste domingo, entre os eleitores de Bolsonaro, prevaleceu este clima de divergências. A presença do povo nas ruas e o ambiente da mobilização vão revelar o efeito dessas brigas na convocação dos manifestantes. Se prevalecer o tom agressivo usado no Telegram, os brasileiros terão motivos para se preocupar com a radicalização nos próximos meses.

 

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