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Brasil descarta posição de neutralidade em relação ao Irã

Avaliação do MRE é de que relação com o país islâmico está preservada e alinhamento com os Estados Unidos foi devidamente explicado

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Palácio do Itamaraty
1 de 1 Palácio do Itamaraty - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Apesar de ter adotado um posicionamento mais alinhado aos Estados Unidos perante ao ataque que vitimou o general iraniano Qassim Suleimani, o governo brasileiro considera que a relação com o Irã está “preservada” e, com isso, não deve rever sua posição inicial e tampouco caminhar para uma postura de neutralidade.

O assassinato do líder militar do país islâmico ocorreu no dia 3 de janeiro, no Iraque, por ordem do presidente norte-americano, Donald Trump. Em seguida, o governo brasileiro apoiou a ação dos Estados Unidos, alegando necessidade da luta contra o terrorismo e se colocando pronto para participar de esforços para evitar uma escalada de conflitos.

De acordo com fontes do Ministério de Relações Exteriores (MRE) ouvidas pelo Metrópoles, não há possibilidade, neste momento, de um reposicionamento do Brasil no sentido e adotar uma posição mais neutra, com o objetivo de garantir a boa relação com o Irã, inclusive comercial.

Na avaliação da diplomacia brasileira, apesar das “diferenças de opinião” entre o Brasil e o regime iraniano, que teriam ficado claras na nota, a avaliação atual é de que não houve, tanto do lado brasileiro, como do lado iraniano, nenhuma medida que representasse uma ameaça de rompimento dos canais de diálogo.

Entre essas medidas, estaria, por exemplo, a chamada de volta dos respectivos embaixadores ou mesmo uma chamada para consulta dos representantes de cada país. Isso não ocorreu e, na avaliação do governo, não deve acontecer.

Reunião
A chamada feita pela chancelaria iraniana para que o embaixador do Brasil no país do Oriente Médio, Rodrigo Azeredo, prestasse esclarecimentos, não é vista no Brasil como uma reprimenda. Segundo fontes do MRE, o tom da conversa foi cordial e a avaliação é de que as explicações dadas pela encarregada de negócios da Embaixada brasileira em Teerã, Maria Cristina Lopes, foram satisfatórias.

Maria Cristina Lopes representou o Brasil devido à ausência de Azeredo. Desde o início do conflito, ele se encontra no Rio de Janeiro e está hospitalizado.

Um novo encontro da diplomata brasileira com a chancelaria iraniana estava agendado para esta quarta-feira (08/01/2019) em Teerã para tratar da pauta cultural. No entanto, esse encontro foi cancelado e o MRE informou que reunião será retomada depois que Rodrigo Azeredo se restabelecer e voltar ao Irã. A volta do embaixador brasileiro, no entanto, ainda não tem data prevista.

Recuo
Na primeira reunião ocorrida no domingo, os iranianos se disseram “desapontados” com a postura do Brasil e reclamaram da parcialidade e do não reconhecimento da importância do general morto.

Diante desse fato, o próprio presidente Jair Bolsonaro recuou de uma fala sua na qual ele se referia a Suleimani como “o general que não é general”.

Ao ser indagado no dia seguinte sobre a expressão usada, Bolsonaro evitou polemizar e não respondeu.

Para tentar acalmar os ânimos, a diplomata brasileira disse aos iranianos que a nota divulgada pelo Itamaraty não representava uma posição “contra o Irã” e defendeu relações diplomáticas mais pragmáticas.

Negócios
Atualmente, o Brasil é o maior exportador de produtos agropecuários para o Oriente Médio, gerando uma receita de cerca de US$ 9 bilhões por ano. Esse conflito é, agora, uma grande preocupação de produtores rurais no Brasil.

De acordo com dados do Insper Agro Global, o Brasil é o maior fornecedor de alimentos para o Oriente Médio, seguido por Índia e Estados Unidos. O setor de agronegócio representa 97% das exportações brasileiras ao Irã.

Em 2018, o Irã foi o quinto maior destino das exportações brasileiras do setor agrícola, após China, União Europeia, EUA e Hong Kong. O Brasil exportou US$ 2,258 bilhões em produtos agrícolas ao Irã e importou US$ 39,92 milhões. Isso gerou um superávit de US$ 2,218 bilhões no ano. Ainda em 2018, o Brasil exportou US$ 550 milhões em produtos agrícolas para o Iraque.

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