Governo Bolsonaro: saiba como será o novo Ministério de Infraestrutura
Ainda sem ministro definido, nova pasta irá reunir secretarias dos ministérios dos Transportes, das Cidades e da Integração Nacional
atualizado
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Mais uma superpasta será criada pelo futuro presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). Nos próximos dias, o militar reformado do Exército formalizará o novo Ministério da Infraestrutura, o qual, ao que tudo indica, também será controlado por algum comandante das Forças Armadas do Brasil. A nova área será responsável por outras pastas já existentes no governo federal de Michel Temer (MDB).
A Infraestrutura englobará a pasta dos Transportes, Portos e Aviação Civil, além de cuidar de temas como recursos hídricos e desenvolvimento regional, atualmente sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional. Assuntos relacionados à mobilidade urbana e ao saneamento básico também irão para a nova superpasta. Hoje, eles são tratados no Ministério da Cidades; no entanto, Bolsonaro já declarou ter a intenção de extingui-lo e relocar suas secretarias a outros ministérios.
A princípio, o Ministério da Infraestrutura ficaria com o general da reserva Oswaldo Ferreira. O militar do Exército ajudou a equipe do futuro presidente durante as eleições, mas nunca foi unanimidade dentro do novo governo. Mesmo assim, Ferreira apareceu na lista divulgada pelo círculo de Bolsonaro como coordenador do grupo de trabalho sobre infraestrutura e estava batendo ponto diariamente nas reuniões dos encarregados da transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília, até semana passada.
Todos os demais coordenadores que estavam na lista foram confirmados como ministros. Contudo, o próprio general estaria se recusando a assumir o cargo. Ferreira, que foi chefe do Departamento de Engenharia do Exército e participou do início da obra da BR-163, entre Mato Grosso e Pará, durante a ditadura militar, entende muito sobre transporte.
Mas a insistência da equipe de Bolsonaro em levar Transportes para a pasta de Infraestrutura o desmotivou. O militar queria cuidar apenas da parte em que tem experiência e rejeita comandar assuntos relacionados ao Ministério das Cidades ou mesmo temas como saneamento básico. Com isso, o também general da reserva Jamil Megid Júnior é o nome mais cotado neste momento. Megid faz parte do grupo de transição desde a última quarta-feira (14/11).
O militar da reversa foi vice-chefe do Departamento de Engenharia e Construção do Exército (DEC) e fez parte das operações de segurança da Rio +20, na Jornada Mundial da Juventude, na Copa do Mundo e nas Olimpíadas de 2016. Também foi coordenador-geral do Comitê Organizador dos Jogos Mundiais Militares, em 2011.
Ainda não temos confirmação sobre esse assunto. Nem sabemos se de fato o Oswaldo não virá ou se será o Megid Júnior. Os dois são nomes bons e confiáveis
General Augusto Heleno, futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional e um dos homens de confiança de Bolsonaro
Idas e vindas
Repetidamente, o governo Bolsonaro fala em juntar ou excluir ministérios e acaba voltando atrás. Primeiro, foi a afirmação de que o Meio Ambiente iria para a pasta da Agricultura. Depois, tentaram acabar com o Ministério do Trabalho. Mas, após pressões, não levaram adiante nenhuma das duas opções.
Até mesmo alguns ministérios e secretarias que o futuro governo tinha a intenção de levar para a superpasta de Infraestrutura não vão mais. No início, o grupo chegou a propor que Minas e Energia fosse para o novo ministério, mas reclamações de representantes do setor elétrico fizeram a equipe mudar de ideia.
Comunicações, incluindo os Correios, também deveria deixar a pasta de Ciência, Tecnologia e Inovações e ir para a Infraestrutura. No entanto, o Metrópoles apurou que mais essa mudança já foi abandonada. O ministro-astronauta, Marcos Pontes, tem dito que nada ainda foi decidido, mas a tendência “é continuar tudo como está”.
Afinal, serão quantos ministérios?
Nesta última semana, durante agendas em Brasília, o presidente eleito disse que até o fim do mês terá definido todos os ministérios e os seus comandantes. Até mesmo para aliados, essa demora pode trazer prejuízo e muito pressão ao governo que, de fato, ainda nem começou.
No entanto, os homens fortes da futura gestão sabem que, ao juntar várias pastas em único ministério, Bolsonaro corre o risco de acabar deixando de lado alguns temas. “A pasta da Infraestrutura, por exemplo, será complexa, com muitos desafios. São diversos assuntos importantes, algo muito grande, porque sabemos como o país precisa de infraestrutura como um todo para voltar a crescer”, afirmou o general Augusto Heleno.
Esse é o mesmo pensamento do atual ministro do Planejamento, Esteves Colnago. Figura importante do governo Temer, Colnago cobrou uma definição por parte da equipe do futuro governo sobre quantos ministérios existirão. “É preciso haver uma definição para que possamos ajustar o Orçamento de 2019. O orçamento atual está preparado para o número que temos hoje de ministérios, não para a maneira que o próximo governo estará estruturado”, afirmou.
Ainda segundo ele, ter menos ministérios não significa um gasto menor com a máquina pública. “É difícil calcular a economia que se teria, com a mudança ministerial, sem saber ainda as estruturas finais, mas fiscalmente o impacto não é expressivo. O que pode melhorar é a qualidade do gasto”, completou o ministro do Planejamento.
Uma fonte do alto escalão do governo federal e participante direta do processo de transição disse à reportagem do Metrópoles que o atual governo federal está preocupado com todas essas junções ministeriais. “Se juntar muita coisa, fica difícil gerir, pode ser perigoso. Mas eu percebo que auxiliares do Bolsonaro estão se impressionando com a estrutura de cada ministério. O problema é que eles desconhecem a realidade de cada pasta e o que elas controlam”, completou.