General Heleno acusa jornal de distorção em fala sobre AI-5
Ministro disse que não procede informação de que não teria repudiado ato da ditadura militar: “Não faz sentido”
atualizado
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O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, acusou o jornal O Estado de S. Paulo de publicar informação distorcida sobre uma declaração que ele deu a respeito da polêmica sobre o AI-5. A matéria com o militar afirma que em nenhum momento da entrevista, feita por telefone, ele repudia a hipótese levantada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
“O jornalista Mateus Vargas publicou, no Estadão, que, em nenhum momento, eu repudiei o AI 5. MENTIRA!”, escreveu Heleno. Segundo o ministro, ele afirmou ao jornal que o “AI-5 não faz sentido em uma democracia” e “é coisa do passado”. “O jornalista tirou conclusões deturpadas.”
O Jorn Mateus Vargas publicou, no Estadão, que, em nenhum momento, eu repudiei o AI 5. MENTIRA! Disse a ele q o AI 5 não faz sentido em uma democracia. O jorn tirou conclusões deturpadas, como se eu apoiasse o AI 5. Lamentável. AI 5 é coisa do passado.
— General Heleno (@gen_heleno) October 31, 2019
Na entrevista ao jornal, o general afirmou que não havia assistido à entrevista de Eduardo, mas que, “se ele falou (sobre o AI-5), tem que estudar como vai fazer, como vai conduzir”. “O pessoal não quer, não quer nada que possa organizar o país. Não quer dizer que isso vai organizar o país. Mas isso aí não é assim, vou fazer e faz. Então, não tenho o que falar.”
Assim como Eduardo, ele manifestou preocupação com as manifestações no Chile: “Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter. Mas até chegar a esse ponto tem um caminho longo”.
Perguntado especificamente sobre a sua leitura quanto ao AI-5, general Heleno diz que “não vai comentar” e que o assunto, para ele, “não faz sentido”.
Contexto
A declaração de Eduardo foi dada em entrevista à jornalista Leda Nagle. Comentando o contexto do Chile, ele afirmou que “se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta”. “E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada por meio de um plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada.”
A fala causou intensa repercussão no meio político, com repúdios públicos dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de uma série de parlamentares e partidos.