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Galvão: “Nós usamos publicações científicas, não balela de Twitter”

Em bate-boca com ministro Ricardo Salles na TV, o ex-diretor do Inpe atacou a política ambiental do governo Bolsonaro

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Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC
Fotografia colorida de Ricardo Galvão
1 de 1 Fotografia colorida de Ricardo Galvão - Foto: Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC

O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, bateram boca em debate realizado pela Globo News, na noite do último sábado (10/08/2019). “Nós [do Inpe] usamos as publicações científicas, não a balela que vocês usam, coisa de Twitter”, afirmou o diretor demitido no último dia 2, em crítica ao presidente Jair Bolsonaro por colocar em dúvida os dados de desmatamento da Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).

Salles se defendeu, afirmando que ele mesmo não questiona se os números foram manipulados: sua crítica é à chamada abordagem “sensacionalista” da imprensa aos resultados da pesquisa. “A imprensa teve acesso a isso antes do Ibama, um repórter sabia dos dados antes do próprio órgão. Isso é inadmissível”, reclamou.

Os dados mais recentes do Deter apontam que a área desmatada da Amazônia atingiu 2.254 km² em julho. Isso equivale a mais de um terço de todo o volume desmatado nos últimos 12 meses, entre agosto de 2018 e julho de 2019, período em que o volume total do desmatamento chegou a 6.833 km². Se observado apenas o desmatamento de julho deste ano, o volume chegou a 2.254,8 km² de devastação, um volume 278% maior que o verificado em julho de 2018, quando foram registrados 596,6 km² de desmatamento.

Acusado por Bolsonaro de estar “a serviço de alguma ONG”, Galvão aproveitou a deixa para se defender. “O presidente da República chamou os dados do Inpe de mentirosos. Ele acusou todos os cientistas do Inpe de terem cometido crime de falsidade ideológica. Ele me acusa de estar a serviço de uma ONG internacional. Eu não sou uma criança, eu tenho uma respeitabilidade internacional enorme. O presidente da República me acusa. Não acha isso errado, ministro?”, reclamou.

O ministro disse, então, que o presidente é uma autoridade política que “tem liberdades” e aproveitou para criticar a postura de Galvão em uma entrevista à emissora, em que classificou o comportamento de Bolsonaro “como se estivesse em um botequim“. O ex-diretor respondeu que o presidente pode ter autoridade, mas não tem “liberdade moral” para as acusações que faz.

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