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Funaro chama Joesley Batista de “Judas” na CPI do BNDES

Segundo o operador financeiro, os dois tinham feito “um pacto de silêncio” sobre o esquema de corrupção do MDB na Câmara

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1 de 1 lúcio-funaro-6-840×560 - Foto: MICHAEL MELO/METRÓPOLES

O operador financeiro Lúcio Funaro participou, nesta quarta-feira (28/08/2019), da CPI do BNDES na Câmara dos Deputados. Na comissão, ele foi questionado sobre a licitude das transações feitas por Joesley Batista, do grupo J&F, dono da JBS, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além da relação profissional e pessoal entre os dois.

“Tenho experiência no mercado financeiro de aproximadamente 26 anos, atuando em diversos setores, em várias instituições credenciadas pelo Banco Central. Posso afirmar com quase 95% de certeza que nenhuma operação realizada por ele [Joesley] no BNDES foi totalmente lícita”, frisou.

Ao colegiado, contudo, Funaro garantiu que não conversa com Joesley há “uns três anos ou mais”. Mas que os dois mantinham relação de “compadres”. Ele não escondeu a frustração por ter sido, em suas palavras, “traído” pelo dono da JBS.

“Talvez por um pouco de ingenuidade minha, por acreditar na palavra dele, era uma relação de compadres, como ele falava. Talvez, para ele, o sinônimo de compadre seja Judas Iscariotes”, desabafou.

R$ 30 milhões ao Cunha
O caso de traição ao qual Funaro se refere é a delação premiada feita por Joesley às autoridades. A dupla havia feito, segundo o operador financeiro, “um pacto de silêncio” sobre o esquema de corrupção praticado por eles e por integrantes do MDB na Câmara federal.

O operador relatou, inclusive, que Joesley contribuiu com R$ 30 milhões, em 2014, com o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), para o emedebista conseguir se eleger à Presidência da Câmara, em 2015. “Foi de maneira declarada e não declarada, de todo jeito”, explicou.

Questionado sobre outros focos de propina na Câmara dos Deputados, Funaro negou que houvesse uma segunda pessoa. “Só o Cunha”, enfatizou. O político está preso desde 19 de outubro de 2016, no âmbito da Operação Lava Jato.

Além disso, Joesley foi chamado de ladrão por Funaro, durante depoimento. Segundo o operador financeiro, ele levou um calote de até R$ 120 milhões do empresário do grupo J&F. “No começo, [Joesley] era muito ágil para pagar, depois parou, depois ficou ágil de novo, mas, no final, ficou péssimo”, explicou Funaro.

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