Fechamento de fronteira aumenta tensão entre Brasil e Venezuela
Especialista em relações internacionais acredita que governo brasileiro deve ter reação retórica contra a medida de Nícolas Maduro
atualizado
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A relação bilateral entre Brasil e Venezuela deve ficar ainda mais estremecida, após o comando do presidente Nicolás Maduro para que militares bloqueiem a fronteira entre os países. Esse é mais um desdobramento de uma relação que se deteriorou após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A crise tende a se acentuar, explica o professor Juliano da Silva Cortinhas, doutor em Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB). O especialista analisa que isso se deve ao fato de o Brasil ter deixado de adotar uma postura de neutralidade em relação ao comando político do país vizinho e passou a apoiar a reação norte-americana do presidente Donald Trump contra Maduro.
“O Brasil perdeu a capacidade de fazer o papel de condutor das relações. Apesar de o país ser o mais forte da América do Sul, não consegue comandar um relacionamento amigável entre as nações. A relação está se deteriorando muito rapidamente”, destaca o especialista.
Para Juliano, haverá uma reação brasileira. “Não será nenhuma atitude militar, como o envio de tropas. Mas o distanciamento e o acirramento da crise deve ficar ainda mais forte”, pondera, ao dizer que o enfrentamento militar seria o pior cenário. Na Venezuela, as Forças Armadas apoiam Maduro.
O professor critica a postura do governo venezuelano. “Ele tenta se sustentar numa situação muito fragilizada e tem tomado medidas cada vez mais extremas. O regime, com o passar dos últimos anos, abandonou a postura mais democrática em detrimento da força”, avalia.
O fechamento da fronteira impacta no recebimento de ajuda humanitária, organizada por líderes internacionais opositores a Maduro. O presidente venezuelano promete tomar medida semelhante contra a Colômbia. O Metrópoles entrou em contato com Ministério das Relações Exteriores (MRE), mas não obteve resposta – o Itamaraty deve divulgar nota ainda nesta quarta. O Palácio do Planalto não comentou o caso.