metropoles.com

Em reação a Bolsonaro, Egito adia sem data visita oficial do Brasil

Causa teria sido o anúncio, pelo presidente eleito, da decisão de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Ricardo Moraes Pool/Getty Images
Jair Bolsonaro vota
1 de 1 Jair Bolsonaro vota - Foto: Ricardo Moraes Pool/Getty Images

Numa primeira reação do mundo árabe às declarações pró-Israel do presidente eleito, Jair Bolsonaro, o governo do Egito adiou sem data uma visita oficial que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, faria ao país entre os dias 8 e 11 próximos.

No período, ocorreria também um encontro entre representantes do setor privado dos dois países. Vinte empresários brasileiros já se encontram no país e precisarão retornar sem que sejam realizadas as rodadas de negócios.

Oficialmente, o governo egípcio informou que o adiamento “sine die” foi necessário por causa de compromissos inadiáveis das altas autoridades do país. Aloysio ia encontrar-se com seu contraparte, o ministro Sameh Shoukry, e o presidente, Abdel Fattah el-Sisi.

Nos bastidores, porém, sabe-se que a verdadeira causa foi o anúncio, por Bolsonaro, da decisão de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. A medida significa um alinhamento do país com Israel e o abandono de uma posição de equilíbrio mantida por décadas pela diplomacia brasileira. Os países árabes, quinto destino das exportações brasileiras, apoiam a Palestina e deixaram clara sua discordância com a medida.

No último sábado, o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, disse ao ‘Estado’ que a relação de comércio e investimentos do Brasil com esse grupo de países poderia ser abalada e que eles poderiam retaliar, por exemplo, buscando outros fornecedores para produtos vendidos pelo Brasil, como carne e açúcar. A decisão do governo egípcio é a primeira confirmação concreta desse temor.

O Egito é um dos poucos países com os quais o Mercosul tem um acordo comercial já em operação. E os egípcios queriam aumentar as importações de produtos brasileiros.

Isso ficou claro quando, em julho passado, durante a cúpula dos Brics na África do Sul, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, foi procurado pelo ex-primeiro ministro do Egito Sherif Ismail, que atualmente é conselheiro do presidente Sisi. O egípcio convidou o brasileiro a fazer uma visita a seu país, de preferência com uma missão empresarial robusta, para ampliar o acordo comercial e intensificar a parceria entre os dois países. Seria explorada, por exemplo, uma cooperação na área de defesa.

Do ponto de vista político, a reação do Egito é um revés significativo porque o país adota uma linha moderada no conflito israelo-palestino e, historicamente, atua no sentido de tentar apaziguar os conflitos. Entre seus pares no mundo árabe, o Egito é um dos que têm boa relação com Israel. Os dois países têm, inclusive, uma cooperação na área de defesa.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?