Em CPMI, Frota aponta central de fake news dentro do Planalto
Segundo o deputado federal, as postagens e ameaças são coordenadas pelo filho do presidente Carlos Bolsonaro (PSC-RJ)
atualizado
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O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), em depoimento à Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) das fake news, disse que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) montou, com dinheiro público, dentro do Palácio do Planalto, uma central de disparos nas redes sociais de notícias falsas e ameaças contra pessoas consideradas inimigas do governo.
Segundo Frota, essa rede é coordenada pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente.
“Vêm de dentro do Palácio os três personagens que vieram das redes bolsonaristas. Tiveram oficializadas as suas redes de ataque com dinheiro público”, apontou Frota, que também exibiu fotos de três servidores que, segundo ele, formam o chamado “gabinete do ódio”: Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz.
Os três assessores recebem salários entre R$ 10 mil e R$ 13 mil, ocupam uma sala no terceiro andar do Planalto, o mesmo do gabinete presidencial, e já estão convocados a prestar depoimento à comissão.
“E quem coordena? Carlos Bolsonaro, direto do Rio de Janeiro, realizando reuniões, disparando, via WhatsApp os seus comandos, inclusive, eu sou a maior testemunha. Eu fui almoçar com o presidente Bolsonaro no Palácio, os três estavam na sala do presidente. Esperei alguns minutos e depois entrei”, contou.
Frota disse ainda que ele e a família foram alvo de ameaças pelas redes sociais de perfis falsos. “Eu mesmo sofri ataques, tive minha família ameaçada, meus filhos ameaçados, minha esposa”, contou Frota. “Um cara que se diz Diego Esmizero, militante de direita e conservador. E aí ele fala para mim: ‘Pensa que é super-homem? Mas não é viu, é de carne e osso.”
Tentativa de atrapalhar
No momento em que o deputado falava, Carlos Bolsonaro postou a seguinte mensagem: “Um cadáver sendo usado de maneira que beira a psicopatia. Não há interesse em solução, apenas a vontade doentia de acusar adversários políticos em busca de PODER. O ódio por Bolsonaro e a sede pelo poder é maior do que o desejo real de justiça pela morte de um aliado. Doença!”
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) October 30, 2019
Durante o depoimento de Frota, aliados do presidente no Congresso tentaram tumultuar. Alguns apoiadores de Bolsonaro exibiram cartazes com mensagens chamando o ex-aliado de “traíra” e “oportunista”. Em um momento de ironia ao longo do seu depoimento, Frota fez uma pausa para “agradecer” a audiência do filho do presidente, Carlos Bolsonaro, que o criticou na rede social. “Fique com Deus”, retrucou Frota.
Frota foi eleito na esteira do bolsonarismo, com discurso conservador, de combate à corrupção e de repúdio ao pensamento de esquerda. Após brigar com o presidente e seus filhos, acabou saindo do PSL e se filiando, a convite do governador de São Paulo, João Doria, ao PSDB.
O deputado disse ainda que, além da central montada no Planalto, o esquema de perseguição conta também com gabinetes de deputados e senadores da base de Bolsonaro.