Em campanha, Renan Calheiros imprime “biografia” na gráfica do Senado
Livro com 500 páginas sobre a vida do candidato a presidente da Casa será distribuído aos parlamentares na abertura da próxima legislatura
atualizado
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Em plena campanha para ser formalizado candidato a presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (MDB-AL) mandou rodar na gráfica da Casa uma “biografia” a ser distribuída aos colegas da próxima legislatura. A informação é do jornal O Globo.
Em 1º de fevereiro, os parlamentares retomam os trabalhos, e um dos primeiros compromissos será escolher o novo comando do Senado e da Câmara dos Deputados. Assim, segundo a reportagem, Renan Calheiros mandou rodar 2 mil exemplares do livro Democracia Digital, de quase 500 páginas, e começou a encaminhá-los a senadores e deputados como “sugestão de leitura de férias”.
Além da vida do parlamentar, o livro traz um compilado de discursos e realizações no Parlamento, bem como sua versão para os fatos políticos vividos no Senado Federal, do qual Renan Calheiros foi presidente quatro vezes. A obra traz ainda ataques à imprensa, defesa do “uso inteligente” das redes sociais e avaliação da atual legislatura. Para o candidato, a última composição do Congresso Nacional foi “demolida nas urnas” por não compreender o atual momento político e desejo de mudança dos brasileiros. O atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e o líder do governo Temer na Casa, Romero Jucá (MDB-RR), por exemplo, não conseguiram se reeleger e ficarão sem mandato parlamentar em 2019.
No texto de apresentação, Renan afirma ser preciso “correr contra o tempo” para se comunicar com os novos colegas e com a sociedade. “Com o recesso parlamentar, pelo fato de 2/3 dos senadores não terem ainda tomado posse, pela necessidade de falarmos com eles e também com a sociedade; nestes dias que nos levam até 31 de janeiro – quando ocorrerá a decisão do MDB, que terá 13 ou 14 senadores e qualquer um pode ser o indicado do partido para presidente da Casa, precisará ganhar no plenário –, por isso é que não sou candidato e apoiarei com entusiasmo qualquer um. Mas o MDB está unido e chegará unido”, escreveu o emedebista.
Encerra a apresentação com o endereço de todos os seus perfis nas redes sociais, endereços de e-mail e um celular. “Sirva-se do livro. Leia-o nas férias e bom proveito.”
Em busca de votos
Segundo a reportagem, embora negue publicamente, o senador está articulando a sua candidatura à presidência da Casa, ligando, inclusive, para possíveis aliados. No entanto, o PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, tem se colocado oficialmente contra sua entrada na disputa. Peesselistas têm afirmado que a eleição de Renan para o comando do Senado seria incompatível com a vontade das urnas, em referências ao desejo de mudança dos brasileiros e a investigações contra o emedebista – ele se defende das acusações também na “biografia” rodada na gráfica do Senado.
De acordo com O Globo, como forma de pressão para que o MDB mude o candidato, o PSL lançou Major Olímpio (SP) para a disputa pelo cargo. Com a direção do partido e com a bancada do MDB no Senado, o combinado é que, se Renan Calheiros garantir 41 votos necessários para ser eleito presidente, será o candidato da legenda. Contudo, aliados afirmam que não há segurança de ele ter atingido esse número. Assim, a legenda só deve bater o martelo quanto ao seu candidato à presidência no fim deste mês. Tradicionalmente, o Senado é presidido pelo partido que elegeu a maior bancada: na próxima legislatura, o MDB.
Os senadores têm direito a uma cota anual de impressões na gráfica do Senado. A reportagem pediu informações sobre a publicação de Renan à assessoria da Casa e aguarda resposta. A assessoria do parlamentar informou a tiragem, de 2 mil exemplares.