Doria sobre Lula em prisão de SP: “Terá a oportunidade de trabalhar”
Governador de São Paulo se envolveu em um bate-boca com Gleisi Hoffmann, correligionária de Lula. Ex-presidente será mandado para Tremembé 2
atualizado
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A transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de Curitiba para São Paulo movimentou o mundo político nesta quarta-feira (07/08/2019). Uma das opiniões mais fortes foi a do governador paulista, João Doria (PSDB). O tucano disse que o petista terá a oportunidade de trabalhar.
A reação foi em resposta à deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Nas redes sociais, a parlamentar paranaense disse que a vida de Lula estava em risco com a transferência.”É mais uma violência da farsa judicial a que ele foi submetido”, reclamou.
Gleisi atacou pessoalmente o governador de São Paulo. “A segurança e a vida do presidente Lula estarão em risco sob a polícia de Joāo Doria”, escreveu no Twitter. Ela adotou o mesmo tom de repudia do partido.
Doria reagiu com forte ironia. “O seu companheiro Lula, se desejar, terá a oportunidade de fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar”, rebateu. Ele completou: “Fique tranquila, ele será tratado como todos os outros presidiários, conforme a lei”, encerrou.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que este momento reque “um certo cuidado”, por se tratar de um ex-presidente da República. “Tem que tomar cuidado para não criar um problema ainda maior”, defendeu.
Maia disse que a transferência “não é uma decisão simples”. “Aquilo que a presidência da Câmara puder acompanhar com a bancada do PT, estamos à disposição para que o direito do ex-presidente seja garantido”, completou Maia.
Veja as mensagens de Gleisi e Doria:
A segurança e a vida do presidente Lula estarão em risco sob a polícia de Joāo Doria. Sua transferência para Tremembé 2, sem prerrogativas de ex-presidente, é mais uma violência da farsa judicial a que ele foi submetido#LulaLivreLulaVivo #DefendamLulaUrgente
— Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) 7 de agosto de 2019
Fique tranquila, ele será tratado como todos os outros presidiários, conforme a lei, @gleisi. Inclusive, o seu companheiro Lula, se desejar, terá a oportunidade de fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar! pic.twitter.com/XD0Ecm3D1M
— João Doria (@jdoriajr) 7 de agosto de 2019
Para entender
O bate-boca de Gleisi e Doria e a declaração de Maia têm como pano de fundo a Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense, a 12ª Vara Federal de Curitiba, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e o Presídio de Tremembé 2.
No início da manhã desta quarta-feira, a juíza Carolina Lebbos autorizou a transferência de Lula. Ela argumentou que os custos para manter o ex-presidente em Curitiba são altos. Segundo a Polícia Federal, os gastos chegam a R$ 300 mil.
Horas depois, o juiz corregedor Paulo Eduardo de Almeida Sorci, do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou a mudança de endereço. “Autorizo a remoção do preso para este Estado, onde ficará recolhido na Penitenciária II de Tremembé Dr José Augusto César Salgado”, escreveu.
As decisões de Lebbos e Almeida Sorci contrariam o desejo da defesa do Lula. O advogado Cristiano Zanin recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a transferência até o julgamento final do habeas pelo STF — quando será analisado o pedido de nulidade da condenação do ex-presidente.
O petista está preso em Curitiba desde abril de 2018, quando foi condenado a 8 anos de cadeia no caso do triplex do Guarujá. Em abril, 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Porém, diminuiu a pena para 8 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão.