Doria: “Se Moro cometeu erro”, ao menos “salvou Brasil da corrupção”
Em viagem à Inglaterra, governador de SP defendeu ação do hoje ministro enquanto juiz federal da Lava Jato, mesmo se tiver sido ilegal
atualizado
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Em viagem à Inglaterra, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não titubeou ao ser questionado sobre o que pensa da atuação do hoje ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro enquanto era juiz federal encarregado dos casos da Operação Lava Jato em Curitiba, na 13ª Vara Federal:
“Tenho grande respeito pelo ministro e pelo ex-juiz Sergio Moro. E acho que, se algum erro foi cometido – isso ainda precisa ser apurado, dado que até o presente momento o vazamento desses áudios não são legais (sic) -, entendo que, mesmo assim, o benefício daquilo que foi feito pela Operação Lava Jato para salvar o Brasil da corrupção e de um extenso período que prejudicou milhões de brasileiros e assaltou os cofres públicos faz com que eu mantenha meu respeito por Sergio Moro”, afirmou, em entrevista à BBC News Brasil em Londres, onde se reuniu com investidores.
Moro está envolto em críticas desde que o site The Intercept Brasil começou a publicar uma série de reportagens baseadas em mensagens atribuídas a ele e a procuradores da Força-Tarefa da Lava Jato no Paraná. Nos diálogos, o juiz orienta ações do acusadores, recomenda mudança de ordens de fases da investigação, pede a inclusão de provas em processos e combina o vazamento de delações.
Sobre o teor do material divulgado, Doria afirma que não deixa de apoiar Moro mesmo que o conteúdo tenha sua veracidade comprovada. As ações de Moro teriam então valido a pena, mesmo que os diálogos sejam reais? Doria responde: “Na minha visão, sim”.
Reeleição
Ao longo da entrevista, Doria se esquivou de responder diretamente sobre qual papel pretende exercer na próxima eleição presidencial (“É hora de gestão, não é hora de eleição”), mas atacou o mecanismo de reeleição no Brasil, ao comentar a possibilidade aventada pelo presidente Jair Bolsonaro para 2022.
“Todos os governadores e presidentes que foram reeleitos não cumpriram em seu segundo mandato uma tarefa melhor do que cumpriram em seu primeiro mandato. A instituição da reeleição é legítima, democrática, mas no Brasil ela não costuma funcionar bem”, afirmou.