Documento desmente versão de Bolsonaro sobre pai de Santa Cruz
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, um ex-delegado afirmou que o corpo de Fernando Santa Cruz teria sido incinerado em Campos (RJ)
atualizado
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Um documento secreto da Aeronáutica contradiz a versão do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Fernando foi preso em fevereiro de 1974 durante a ditadura militar e nunca houve uma confirmação do paradeiro dele.
As informações são do jornal O Globo.
A reportagem teve acesso a um relatório secreto RPB 655, do Comando Costeiro da Aeronáutica, que mostra a prisão do estudante de direito pelo regime em 22 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro. Anexado ao relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o documento comprova que Fernando Santa Cruz estava sob proteção do Estado quando desapareceu.
Criada em 2011, a CNV ouviu o ex-delegado Cláudio Guerra, que, na ocasião, disse que Fernando Santa Cruz teria sido morto na prisão e o corpo, incinerado na Usina Cambahyba, em Campos, norte do Rio de Janeiro. Apesar disso, a família do militante nunca recebeu informações oficiais sobre a morte dele.
Nessa segunda-feira (29/07/2019), Bolsonaro alegou que Fernando Santa Cruz teria sido assassinado por integrantes do mesmo grupo de esquerda do qual fazia parte em Recife, a Ação Popular Marxista-Leninista. “Não foram os militares que mataram ele não, tá? É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece”, disse mais cedo.
Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira foi dado como desaparecido em fevereiro de 1974 depois de ter sido preso por agentes do DOI-Codi, no Rio de Janeiro. Estudante de direito, ele também era funcionário do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo.