metropoles.com

Crítico ao STF, novo integrante da CEMDP exalta Ustra

Weslei Antônio Maretti foi escolhido, nesta quinta-feira (01/08/2019), para compor a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
redes sociais; reprodução
facebook-maretti
1 de 1 facebook-maretti - Foto: redes sociais; reprodução

Um dos quatro novos integrantes da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), o coronel reformado do Exército Weslei Antônio Maretti demonstra, nas redes sociais, ser uma pessoa alinhada à pauta do presidente Jair Bolsonaro. As suas postagens variam desde abaixo-assinados contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF), posts com informações que não correspondem à realidade e até críticas ao ex-deputado federal Jean Wyllys (PSol).

Em uma manifestação nas redes, ele pediu a exoneração do ministro Dias Toffoli, do STF. A princípio, em 3 de julho de 2016, Maretti compartilhou, por duas vezes, um abaixo-assinado com o título “Presidência da República do Brasil: Exoneração do ministro Dias Toffoli”. O post solicitava ao então presidente, Michel Temer, a exoneração do magistrado.

A imagem vem acompanhada de uma legenda com uma informação incorreta. “Quem pode exonerar um ministro do STF? Somente o presidente da República!!! Temer a nação brasileira solicita a exoneração do ministro Dias Toffoli”, diz o texto. A verdade é que o mandatário da República não tem esse poder, segundo a legislação. Apenas o Senado Federal pode decidir sobre os destinos dos ministros.

Menos de um ano depois, em 4 de maio de 2017, Maretti compartilhou um outro abaixo-assinado pedindo ao Senado Federal o impeachment de Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandovski. “O comportamento dos mesmos é incompatível com o que se espera de um mininistro (sic) do STF”, comentou à época.

Em 1º de outubro de 2018, véspera do primeiro turno das eleições, Maretti compartilhou um texto em apoio a Jair Bolsonaro (PSL) com o título “A falsidade da meia verdade”. As declarações exploram o tempo de rádio e televisão no pleito eleitoral, citam o ex-candidato Enéas Carneiro, morto em 2007, e questiona a imprensa por supostamente promover alguma “conspiração para manipular o resultados das eleições”.

“O percentual dos eleitores de Bolsonaro, segundo as pesquisas eleitorais, é mais baixo na população com renda inferior a dois salários mínimos e com menor índice de escolaridade”, diz trecho do texto.

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em 4 de outubro, três dias antes da votação do primeiro turno, o então candidato Jair Bolsonaro apresentou sua maior rejeição em jovens (50%), mulheres (50%) e pobres (52%). Um dos adversários, o petista Fernando Haddad por exemplo, já tinha uma maior rejeição entre os mais ricos (66%).

Outras polêmicas
O escolhido de Bolsonaro classifica os participantes da guerrilha armada contra a ditadura militar como terroristas. Para ele, os militares do golpe de 64 são defensores da lei, da ordem e do desenvolvimento. “A história e os dados econômicos do período dos governos militares são incontestáveis, para verificá-los é só saber ler”, disse.

Aos moldes de Bolsonaro e do vice-presidente, general Hamilton Mourão, Maretti, declara admiração pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura.

“O comportamento e a coragem do coronel Ustra servem de exemplo para todos os que um dia se comprometeram a dedicar-se inteiramente ao serviço da pátria. Apesar de travar uma luta de Davi contra Golias, a sua vitória é certa porque no final o bem prevalece sobre o mal”, comentou.

“Estou assinando porque se cuspir em um semelhante é comportamento de um parlamentar no Plenário da Câmara, atirar em alguém revidando a cusparada seria também uma atitude aceita. Não estamos no Velho Oeste”, disse, ao compartilhar um abaixo-assinado, em abril de 2016, pela cassação do mandato do então deputado pelo Rio de Janeiro Jean Wyllys.

4 imagens
1 de 4

redes sociais/ reprodução
2 de 4

redes sociais/ reprodução
3 de 4

redes sociais/ reprodução
4 de 4

redes sociais/ reprodução

Dias antes, o militar defendia o então juiz Sergio Moro, que atualmente é chefe do ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro. “Julgo que o juiz Sergio Moro pode até ter cometido algum deslize porém, diante do que ele está fazendo, das magnitude do roubo perpetrado por empresários e políticos e da importância da Operação Lava Jato para o Brasil, os deslizes são desprezíveis”, escreveu.

Entenda
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) trocou mais da metade dos integrantes da CEMDP. O grupo, instaurado em 1995, tem, entre outras funções, o objetivo de localizar os corpos dos brasileiros que sumiram durante a ditadura militar.

A alteração foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (01/08/2019) e também levou a assinatura da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. A pasta é responsável pelo colegiado desde 2004.

Além do coronel reformado Weslei Antônio Maretti, entram no colegiado Vital Lima Santos, oficial do Exército; o deputado federal Felipe Barros, também do PSL; e o advogado Marco Vinicius, filiado ao PSL e assessor de Damares.

Entre os excluídos está a atual presidente do colegiado, Eugênia Augusta. Insatisfeita, a procuradora regional da República considerou a troca como uma “represália” por parte do governo Bolsonaro. “Está nítido que a CEMDP passará por medidas que visam a frustrar os objetivos para os quais foi instituída”, disse em nota.

Em contrapartida, o chefe do Executivo foi pontual a explicar as substituições. “O motivo é que mudou o presidente. Agora é Jair Bolsonaro, de direita, e ponto final. Quando botavam terrorista lá ninguém falava nada”, explicou.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?