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Discurso radical e redes sociais: Bolsonaro domina eleitorado jovem

Candidato do PSL atinge 28% entre público de 16 e 24 anos nas pesquisas. Especialistas apontam “ato de rebeldia” para explicar popularidade

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1 de 1 bolsonaro hc lula - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Pesquisas eleitorais apontam que, sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o candidato do PSL na corrida ao Planalto, Jair Bolsonaro, é o favorito entre jovens de 16 e 24 anos. Em outubro, nas eleições 2018, mais de 22,2 milhões de pessoas dessa faixa etária vão às urnas. Juntas, elas representam 15,09% do eleitorado brasileiro e, certamente, interessam aos presidenciáveis.

No levantamento mais recente feito pelo Instituto Datafolha, Bolsonaro atinge, na consulta espontânea (aquela em que o entrevistado fala um nome sem olhar uma opção da lista), 19% de intenção de votos. Esse percentual faz com que ele supere Lula, na casa dos 18%.

Quando a pergunta é feita apontando uma lista de candidatos – conhecida como pesquisa estimulada –, o petista leva boa vantagem: 43% contra 24% do militar reformado do Exército Brasileiro. Sem Lula, porém, o militar da reserva alcança 28%, superando todos os rivais.

De acordo com o Estatuto da Juventude brasileiro, é considerado jovem o indivíduo que tenha entre 15 e 29 anos. No Brasil, atualmente, são mais de 51 milhões de jovens, o que representa aproximadamente 1/4 da população.

Discurso que atrai
Professora doutora da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Unifesp, Esther Solano Gallego publicou um estudo que busca entender e explicar o comportamento do eleitor de Bolsonaro, inclusive os com menos idade. Na visão da docente, essa parcela de votantes identifica o candidato como “rebelde, uma opção política que se comunica com eles e se contrapõe ao sistema, como uma proposta diferente”.

Ainda segundo a pesquisadora, a rebeldia que um dia foi associada ao eleitor do campo progressista, hoje, para os jovens, “é votar nesta nova direita que se apresenta de uma forma cool”. Para Esther, essa opção maquia um “discurso de ódio em formas de memes e vídeos divertidos”.

Nas redes sociais, uma das principais ferramentas de diálogo – sobretudo para quem tem pouco tempo de propaganda política em veículos tradicionais como rádio e televisão –, Bolsonaro fez menos de 20 menções direcionadas à juventude entre agosto de 2014 e agosto de 2018. No Facebook, há um número maior de registros, mas sem propostas ou soluções concretas voltadas aos jovens.

Nas diretrizes de governo publicadas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com 81 páginas, idem. Poucas menções e três ideias sem detalhamento (leia abaixo). Outra referência pendente de explicação é objetivo do presidenciável de ampliar o ensino militar. “Teremos, em dois anos, um colégio militar em todas as capitais dos estados”, diz. O candidato não pontua que o aluno desse tipo de instituição, apesar da reconhecida qualidade do ensino, custa três vezes mais do que o das escolas públicas. Além disso, a maioria das vagas é destinada aos filhos de militares. As demais são disputadas, em média, entre 270 candidatos, por oferta. Concorrência mais acirrada do que a dos grandes vestibulares do país.

Propostas de Bolsonaro aos jovens em seu plano de governo 

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Edital está em fase de planejamento
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Incentivar o empreendedorismo: "As universidades precisam gerar avanços técnicos para o Brasil, buscando formas de elevar a produtividade, a riqueza e o bem-estar da população. Devem desenvolver novos produtos, através de parcerias e pesquisas com a iniciativa privada. Fomentar o empreendedorismo para que o jovem saia da faculdade pensando em abrir uma empresa"

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Nada que impeça ou atrapalhe, conforme a pesquisa do Datafolha, o ex-paraquedista do Exército vencer, em um eventual segundo turno, os adversários Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT). No entanto, ainda entre eleitores de 16 a 24 anos, Bolsonaro seria derrotado por Lula (PT) ou Marina (Rede).

Em outra consulta recente, divulgada pelo DataPoder360, do site Poder 360, o presidenciável do PSL atinge 25% dessa fatia do eleitorado ante 29% de Lula. Ambos possuem vantagem significativa sobre Marina Silva (Rede), a terceira colocada, com 11%. Já em levantamento do Ibope, o petista – impedido pelo TSEde concorrer – chega a 45%. O militar reformado, a 17%.

Por outro lado, Bolsonaro terá de trabalhar contra a rejeição de 49%, a maior entre todas as faixas etárias. “Ele é muito ame ou odeie”, pontua Daniel Falcão, advogado e professor com especialização em marketing político, do Boaventura Turbay Advogados.

Entre os que amam, Daniel Falcão cita a rebeldia, a fácil comunicação nas redes sociais e uma ideia antiestablishment como puxadores de voto. “Ele vem fazendo esse trabalho [nas redes sociais] há dois anos, enquanto outros concorrentes começaram agora”, acrescenta.

Nunca tivemos candidato competitivo nas eleições presidenciais com discurso tão autoritário. Os jovens, cansados de tudo o que viram até agora, enxergam essa possibilidade como algo inédito, mesmo sendo ultrapassado e, na política, longe de ser novo

Daniel Falcão, professor e advogado do Boaventura Turbay advogados

Frases de Bolsonaro sobre os jovens

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"Há pouco tempo, na UnB, em Brasília, foi lá uma televisão e encontrou no Centro Acadêmico uma quantidade grande de maconha, cachaça na geladeira, camisinha de vênus jogada pelo chão. Isso não dá para continuar acontecendo. Tem de ter alguém que bote moral lá dentro"
"Ninguém quer saber de jovem com senso crítico"
"Estar em meio aos jovens sempre nos faz refletir sobre o futuro que queremos deixar para o nosso Brasil. São eles que tocarão o país nas próximas gerações. É neles que devemos investir"
"Quase 40% dos estudantes no ensino superior são analfabetos funcionais. Precisamos redirecionar os jovens para o conhecimento. Ninguém quer saber de aluno sendo doutrinado em sala de aula para se tornar um militante. Queremos bons profissionais, isso que dará retorno à sociedade"
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"Há uma certa tara por parte da garotada em ter um diploma. É importante? Sim. Eu fiz, como tenente do Exército, curso de máquina de lavar roupa e de geladeira. Então, essa tara por diploma superior não pode existir. É bom? Sim, vamos ter nossos mestres, nossos doutores, sim. Mas se você no Ensino Médio colocar algo técnico, melhora nossa economia"

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"Há pouco tempo, na UnB, em Brasília, foi lá uma televisão e encontrou no Centro Acadêmico uma quantidade grande de maconha, cachaça na geladeira, camisinha de vênus jogada pelo chão. Isso não dá para continuar acontecendo. Tem de ter alguém que bote moral lá dentro"

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"Ninguém quer saber de jovem com senso crítico"

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"Estar em meio aos jovens sempre nos faz refletir sobre o futuro que queremos deixar para o nosso Brasil. São eles que tocarão o país nas próximas gerações. É neles que devemos investir"

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"Quase 40% dos estudantes no ensino superior são analfabetos funcionais. Precisamos redirecionar os jovens para o conhecimento. Ninguém quer saber de aluno sendo doutrinado em sala de aula para se tornar um militante. Queremos bons profissionais, isso que dará retorno à sociedade"

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No governo Temer, secretaria teve “coxinha” e acusado de desvios
Dentro do governo federal, há um órgão direcionado para cuidar dos jovens. Criada em 2005 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Secretaria Nacional da Juventude não tem status de ministério, mas é responsável por coordenar políticas públicas para a juventude, em parceria com as pastas, governos e sociedade.

O atual secretário é Francisco de Assis Costa Filho, nomeado pelo presidente da República, Michel Temer (MDB), em janeiro de 2017. Assis Filho teve bens bloqueados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão em processo de improbidade administrativa na cidade de Pio XII, na mesma unidade federativa. Com base na ação civil pública, de 2016, existiam “funcionários fantasmas” no município e R$ 2,5 milhões foram desviados para o pagamento desses supostos colaboradores. Costa Filho nega as acusações.

Assis Filho foi nomeado às pressas após declarações polêmicas do antigo gestor, Bruno Júlio (MDB), exonerado do cargo. Em 7 de janeiro do ano passado, Bruno comentou a sequência de mortes de detentos dentro das penitenciárias brasileiras: “Tinha era de matar mais”, disparou. À época, o então secretário justificou seu posicionamento ao alegar ser “meio coxinha, filho de policial”. O pai de Bruno é o ex-deputado federal Cabo Júlio (PMDB).

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