Deputada diz à PF ter sido ameaçada de morte por ministro do Turismo
Alê Silva (PSL-MG) deu entrevista relatando esquema de candidaturas laranjas comandado por Marcelo Álvaro Antônio, titular do Turismo
atualizado
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A deputada federal Alê Silva (PSL-MG), do mesmo partido e estado do ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), relatou à Polícia Federal nesta semana que foi ameaçada de morte por ele. As informações são da Folha de S. Paulo.
Em depoimento espontâneo à PF, a parlamentar pediu proteção policial e contou que recebeu a informação de que Álvaro Antônio fez as ameaças durante uma reunião com outros integrantes do partido, no fim do mês passado, em Belo Horizonte. O PSL é o partido do presidente Jair Bolsonaro.
Ela afirmou, em entrevista ao jornal, que descobriu o esquema do laranjal do PSL após relatos de correligionários mineiros e após analisar os dados de prestação de contas das candidatas que seriam de fachada. O ministro nega as acusações e diz que a deputada está em uma “campanha difamatória” contra ele.
Alê chorou várias vezes durante a entrevista e disse que procurou a Associação Patriotas em Foco, em Minas, para encaminhar o material e os relatos que escutou. Ela também afirmou estar com medo de sofrer retaliações dentro da sigla. “Senti-me na obrigação de levar os fatos ao conhecimento do Ministério Público. No início me mantive em silêncio por receio da reação dos envolvidos”, contou a deputada.
A parlamentar afirma que ouviu os relatos das ameaças em 1º de abril, quando estava em seu escritório político em Ipatinga (MG), região do Vale do Aço, seu reduto. Ela disse que passou o nome da pessoa que contou sobre a reunião em que foi ameaçada. Segundo ela, a testemunha da ameaça dirigiu de Belo Horizonte a Ipatinga, um trajeto de cerca de 215 quilômetros, para contar a ela pessoalmente o que ouviu.
“Essa pessoa me disse que ele [Marcelo Álvaro Antônio] falou assim: ‘Eu vou parar a minha vida para acabar com a vida dela’”. O ministro do Turismo também teria feito ameaças no mesmo tom durante uma outra reunião, essa em Brasília.
A área do Vale do Aço é o principal foco de concentração das candidaturas investigadas. A deputada disse que andou “palmo a palmo” do Vale do Aço e nunca ouviu falar de Debora Gomes e Milla Fernandes, duas candidatas apontadas como laranjas.
Bolsonaro e demissão
A mineira diz não acreditar que Bolsonaro tenha qualquer envolvimento no esquema. “Acredito que ele foi tão vítima como eu. Foi e está sendo tão vítima como eu por ter acreditado na pessoa errada”.
O presidente já afirmou que só tomará uma decisão sobre a permanência do ministro no cargo após o fim das investigações da PF.
Integrante do PSL, a deputada estadual em São Paulo, Janaina Paschoal manifestou apoio à colega por meio do Twitter. Em duas publicações na rede, ela conta que telefonou para a parlamentar mineira, que está chorando muito e cobrou providências de Bolsonaro, pedindo o afastamento de Marcelo Álvaro Antônio do cargo. “E agora, Presidente? O Ministro do Turismo fica? A Deputada Federal eleita também estaria mentindo? Exijo a demissão do Ministro! Não tem que esperar conclusão de inquérito nenhum!”, escreveu em uma das postagens.
Telefonei para a Deputada, que não para de chorar! Como é que pode uma situação dessas e o Presidente não tomar providências? Não pode! O afastamento do Ministro não implicará atribuição de culpa, apenas um sinal de que o Presidente se importa com as mulheres de seu partido.
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) 13 de abril de 2019