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Com Ricardo Salles no Meio Ambiente, Bolsonaro fecha primeiro escalão

Equipe terminou com sete pastas além do prometido durante a campanha eleitoral, formada por militares, políticos e técnicos

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Ricardo-de-Aquino-Salles cotado para meio ambiente
1 de 1 Ricardo-de-Aquino-Salles cotado para meio ambiente - Foto: Reprodução

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou nesse domingo (9/12) a escolha do advogado Ricardo Salles como futuro ministro do Meio Ambiente e fechou o desenho de seu ministério, que terá, ao todo, 22 pastas. O primeiro escalão do futuro governo terminou maior do que o previsto – com sete pastas além do prometido durante a campanha eleitoral – e formado por militares, políticos e técnicos.

Filiado ao Novo, Salles lidera o movimento Endireita Brasil e foi secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Ele é réu na Justiça paulista por improbidade administrativa, acusado de ter alterado ilegalmente o plano de manejo da Área de Proteção Ambiental Várzea do Tietê.

Após ser confirmado no cargo, ele disse que seu papel no ministério será defender o meio ambiente e respeitar o setor produtivo. Bolsonaro cogitou extinguir a pasta depois de ser eleito, mas recuou da intenção de acabar o Ministério do Meio Ambiente e incorporá-lo à Agricultura após reação negativa de setores exportadores, que temiam um desgaste da soja e da carne no exterior.

O presidente eleito defende que a pasta promova um “licenciamento eficiente” e acabe com o que chama de “indústria das multas” no Ibama e no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio).

A intenção de dar um novo perfil ao Meio Ambiente e uma disputa entre os núcleos político e militar do futuro governo pela indicação do futuro ministro fez com que o titular da pasta fosse o último a ser anunciado.

Entidades do setor produtivo defenderam a indicação de Salles para o ministério. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) enviou uma carta ao presidente eleito para reforçar o apoio ao nome do advogado para o cargo. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também defendeu o nome de Salles para o ministério durante reuniões de comitês internos.

“Defender o meio ambiente e ao mesmo tempo respeitar todos os setores produtivos do Brasil é o que sintetiza muito nosso sentimento”, disse Salles. Ele ficou pouco mais de um ano à frente da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo.

Repercussão
Entidades internacionais divulgaram nota após o anúncio do futuro ministro do Meio Ambiente. A WWF-Brasil afirmou que o ministério do Meio Ambiente deve ter papel protagonista na redução do desmatamento no país. “Fundamental para posicionar a agropecuária brasileira com tremendas vantagens competitivas no mercado internacional, tão importante para o setor”, diz o comunicado divulgado pela entidade.

“Desejamos que o Ministério do Meio Ambiente cumpra sua missão de balancear as questões ambientais nas outras pastas do governo, zelando, assim, para que o Brasil tenha medidas necessárias para proteger de forma estratégica o nosso imenso patrimônio natural. E que tenha capacidade de dialogar com os diversos setores da sociedade”, afirmou Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.

Perfil
O advogado Ricardo Salles, de 43 anos, foi secretário particular do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) antes de ser indicado para ocupar a Secretaria do Meio Ambiente. Na época filiado ao PP, Salles adotou, desde o princípio, o discurso da gestão eficiente, regramentos simples e celeridade nas políticas ambientais. Também sempre foi um crítico do que chamava de “ideologização” na área.

Fundador do movimento Endireita Brasil ele se filiou ao partido Novo, pelo qual concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados. Sua campanha foi marcada pela defesa da redução do Estado, de privatizações, do endurecimento da legislação penal, além de fortes críticas ao PT. Ele obteve 36.603 votos e não conseguiu ser eleito.

Uma das peças publicitárias de sua campanha a deputado neste ano causou polêmica. Na imagem, aparece uma foto de munições de fuzil e as mensagens: contra a praga do javali; contra a esquerda e o MST; contra o roubo de trator, gado e insumos; e contra a bandidagem no campo. A propaganda foi desautorizada pelo próprio partido de Salles. Em abril, foi um dos organizadores da manifestação que pediu a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Avenida Paulista.

Salles é advogado formado pelo Mackenzie, com pós-graduação pelas Universidades de Coimbra e Lisboa, além de especialização em administração de empresas. Ocupou a vice-presidência da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil, foi diretor jurídico da Sociedade Rural Brasileira e conselheiro e diretor do Instituto Brasileiro de Concorrência, Comércio Internacional e Relações de Consumo (Ibrac).

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