metropoles.com

Com demissão de Cintra e não à CPMF, Bolsonaro busca estancar desgaste

Governistas não se entendem sobre a criação de novo imposto e presidente afirma que a ideia está fora de cogitação

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Isac Nóbrega/PR
Bolsonaro e Paulo Guedes
1 de 1 Bolsonaro e Paulo Guedes - Foto: Isac Nóbrega/PR

Para evitar maiores desgastes ao governo por conta da possibilidade de se criar um novo “imposto sobre transações” que teria praticamente o mesmo DNA da hoje famigerada CPMF, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tomou, nessa quarta-feira (11/09/2019), medidas extremas. Demitiu o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, e deu o murro na mesa: “A recriação da CPMF ou aumento da carga tributária estão fora da reforma tributária por determinação do presidente”.

Qualquer tentativa de estabelecer um novo tributo gera desgastes. Trata-se, invariavelmente, de medida impopular. Mas os efeitos colaterais da proposta de uma espécie de Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira já provocavam imenso incômodo ao Palácio do Planalto – tanto no Congresso Nacional quanto nas redes sociais bolsonaristas.

Na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse, nessa quarta, que vê muitos obstáculos entre os parlamentares para abraçarem a sugestão de nova CPMF. “Pela reação que vi hoje de muitos deputados, me parece que é um obstáculo grande. Acho muito difícil a gente conseguir avançar”, declarou.

Ele acredita que a “nova CPMF” não passaria hoje na Casa, mas talvez daqui a cinco anos. “Não é uma coisa simples”, disse.

No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) afirmou que é “pessoalmente contrário” à recriação da tarifa. “Quando ela [CPMF] existia, eu votei para acabar com ela. Na minha biografia política, sempre trabalhei contrário à elevação de impostos na vida das pessoas. Os brasileiros já pagam muitos encargos”, justificou.

No entanto foi o próprio governo que alimentou o disse me disse em torno desse novo tributo. Afinal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o principal avalista da ideia, chegou a dizer que uma tributação parecida com a CPMF seria um jeito eficiente e rápido de arrecadar imposto, desde que a alíquota fosse baixa. “Pequenininho, [o tributo] não machuca”, observou.

Crítico feroz da CPMF, contra a qual votou quando era deputado federal, Bolsonaro também já mudou de ideia em relação à tarifa. De início, desautorizou Guedes a falar em novo imposto. Depois, admitiu que iria ouvir a opinião do titular da Economia. “Se desburocratizar muita coisa, esta burocracia enorme, estou disposto a conversar. Falei que não pretendo criar a CPMF”, ressaltou, em agosto.

Vai tomar porrada
Em setembro, o presidente afirmou que a recriação de um imposto nos moldes da antiga CPMF deveria ser condicionada a uma compensação para a população. “Já falei para o [Paulo] Guedes. Para ter nova CPMF, tem que ter uma compensação para as pessoas. Senão vai tomar porrada até de mim”, destacou.

A mudança de retórica já havia sido evidenciada por Paulo Guedes, até então o principal incentivador da pauta. Em entrevista publicada nessa segunda-feira (09/09/2019), o ministro disse que a “nova CPMF” poderia arrecadar até R$ 150 bilhões por ano.

“O Imposto sobre Transações Financeiras (ITF) é feio, é chato, mas arrecadou bem e por isso durou 13 anos”, avaliou Guedes, ao lembrar o tempo em que a CPMF ficou vigente no país.

Criado de forma temporária, em 1994, o imposto permaneceu até 2007, quando foi derrubado à revelia do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bate-cabeça
Explicitando o verdadeiro “bate-cabeça” dentro da equipe econômica, nessa terça-feira (10/09/2019), o secretário adjunto da Receita, Marcelo Silva, afirmou que o governo enviaria ao Congresso a proposta de criação da Contribuição sobre Pagamentos (CP) para reduzir gradualmente os impostos que as empresas pagam sobre a folha de salário dos funcionários.

As alíquotas do novo tributo, nos moldes da extinta CPMF, seriam de 0,2% no débito e crédito financeiro e de 0,4% no saque e depósito em dinheiro.

Porém, depois das atitudes tomadas pelo presidente nesta quarta, ressuscitar a CPMF é algo que está fora de cogitação no Palácio do Planalto. Pelo menos por ora.

Resta saber os contorcionismos verbais que os bolsonaristas adotarão: se continuarão a defender o novo imposto ou se reassumirão o discurso de quando eram oposição: fora CPMF!

Confira o que alguns governistas já falaram sobre a CPMF:

7 imagens
Deputada federal Carla Zambelli (PSL)
Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL)
Senador Flávio Bolsonaro (PSL)
Ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni
Ministro da Cidadania, Osmar Terra
1 de 7

Presidente Jair Bolsonaro (PSL)

2 de 7

Deputada federal Carla Zambelli (PSL)

3 de 7

Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL)

4 de 7

Senador Flávio Bolsonaro (PSL)

5 de 7

Ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni

6 de 7

Ministro da Cidadania, Osmar Terra

7 de 7

Líder do governo no Congresso Nacional, deputada federal Joice Hasselmann (PSL)

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?