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Coaf aponta 48 depósitos suspeitos a Flávio Bolsonaro em cinco dias

Movimentações foram feitas em espécie na conta do senador eleito, totalizando R$ 96 mil

atualizado

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Brasília (DF), 06/11/2018 Senador Flavio BolsonaroLocal: Brasilia Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 06/11/2018 Senador Flavio BolsonaroLocal: Brasilia Foto: Hugo Barreto/Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A edição da noite desta sexta-feira (18/1) do Jornal Nacional, da TV Globo, revelou com exclusividade um novo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações bancárias suspeitas de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Feito a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o novo documento procurou esclarecer suspeitas de que servidores devolviam parte de seus salários a parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O primeiro documento tratava apenas de movimentações suspeitas em contas dos servidores.

O novo relatório indica que, em um mês, foram quase 50 depósitos em dinheiro numa conta do deputado estadual e senador eleito pelo Rio de Janeiro que é um dos filhos do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).

O documento traz informações sobre movimentações financeiras de Flávio Bolsonaro entre junho e julho de 2017. São 48 depósitos em espécie na conta do senador eleito, concentrados no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj e sempre no mesmo valor: R$ 2 mil.

No total, foram R$ 96 mil, depositados em cinco dias:

  • 9 de junho de 2017: 10 depósitos no intervalo de 5 minutos, entre 11h02 e 11h07;
  • 15 de junho de 2017: mais cinco depósitos, feitos em 2 minutos, das 16h58 às 17h;
  • 27 de junho de 2017: outros 10 depósitos (total de R$ 20 mil), em 3 minutos, das 12h21 às 12h24;
  • 28 de junho de 2017: mais oito depósitos, em 4 minutos, entre 10h52 e 10h56;
  • 13 de julho de 2017: 15 depósitos, em 6 minutos.

O Coaf diz que não foi possível identificar quem fez os depósitos. O relatório afirma que o fato de terem sido realizados de forma fracionada desperta suspeita de ocultação da origem do dinheiro.

Além disso, o Coaf classifica que tipo de ocorrência pode ter havido com base numa circular do Banco Central a respeito da lavagem de dinheiro e a realização de operações que por sua habitualidade, valor e forma configuram artifício para burla da identificação dos responsáveis ou dos beneficiários finais.

O documento, obtido com fontes da equipe de reportagem do JN, está identificado como “item 4” e faz parte de um relatório de inteligência financeira (RIF).

Relatório a pedido do MPRJ
O Jornal Nacional apurou que esse novo relatório de inteligência foi pedido pelo Ministério Público do Rio a partir da investigação de movimentação financeira atípica de assessores parlamentares da Alerj.

O primeiro relatório tratava da movimentação dos funcionários da assembleia. Desta vez, o MP pediu ao Coaf para ampliar o levantamento. A suspeita é que funcionários dos gabinetes devolviam parte dos salários, numa operação conhecida como “rachadinha”.

O MP pediu o novo relatório ao Coaf em 14 de dezembro e foi atendido no dia 17, um dia antes de Flávio Bolsonaro ser diplomado senador. Portanto, segundo o Ministério Público, ele não tinha foro privilegiado na ocasião. Por causa desse relatório, Flávio questionou a competência do MP.

Flávio Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão temporária da investigação e a anulação das provas. Ele foi citado no procedimento aberto pelo Ministério Público do Rio contra Fabrício Queiroz. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro é investigado por movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão durante um ano.

Criar atalho
Na reclamação ao STF, Flávio Bolsonaro argumentou que o Ministério Público do Rio se utilizou do Coaf para “criar atalho e se furtar ao controle do Poder Judiciário, realizando verdadeira burla às regras constitucionais de quebra de sigilo bancário e fiscal”.

Flávio argumentou também que, “depois de confirmada sua eleição para o cargo de senador, o Ministério Público requereu ao Coaf informações sobre dados sigilosos de sua titularidade” e que as informações do procedimento investigatório foram obtidas de forma ilegal, sem consultar a Justiça.

O Jornal Nacional procurou a assessoria de Flávio Bolsonaro, mas não obteve resposta.

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