“Bolsonaro terá de nos aturar por dois anos”, dizem Maia e Alcolumbre
Presidentes da Câmara e do Senado voltaram a criticar agenda do líder do Executivo: “Governar juntos também não é crime”
atualizado
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Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), voltaram a criticar a agenda de Jair Bolsonaro (PSL) durante entrevista para o jornal Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda-feira (10/06/2019).
“Não preciso gostar do Bolsonaro nem ele gostar de mim. Mas ele vai ter de me aturar dois anos na presidência do Senado. Vou ter de aturá-lo dois anos. Ele vai ter de aturar o Rodrigo e o Rodrigo vai ter de aturá-lo”, disse Alcolumbre. “Cada um tem de ter respeito pelo outro. Mesmo que discorde da forma como é feito o diálogo”, completou Maia.
Os congressistas aproveitaram a oportunidade para criticar a falta de propostas de Bolsonaro, principalmente no âmbito econômico. “Certamente, o presidente tem uma agenda que a gente não conhece ainda”, disparou o político fluminense. Em seguida, Alcolumbre pontuou que o colega tem feito reuniões para debater questões da microeconomia do país.
“Estamos falando da Previdência. Mas era para a gente estar em outro debate: o que fazer, ao lado das reformas, para as pessoas que estão passando fome no Brasil. Eu quero ser apresentado a alguma proposta em relação a isso”, ressaltou o senador. “Alguém está falando do Minha Casa Minha Vida? Esqueceram”, completou, ao prometer cobrar uma posição firme do governo.
Esta não foi a primeira vez em que os presidentes do Legislativo criticaram a agenda do governo Bolsonaro. Há menos de uma semana, Alcolumbre afirmou que a gestão do chefe do Executivo federal comete, diariamente, “algum tipo de trapalhada na coordenação política“, ao destacar que a relação com o Congresso não está funcionando. No início de março, Maia já havia dito que o mandatário da República não tem projeto para o país além da reforma da Previdência: “O governo é um deserto de ideias“, disparou na ocasião.
Outros projetos
Ambos os parlamentares se posicionaram contra o decreto de armas e as mudanças que Bolsonaro quer propor para o Código Nacional de Trânsito. Alcolumbre lembrou que a consultoria do Senado verificou vários excessos das atribuições presidenciais diante do documento que flexibiliza a posse de armas no país.
“Os pontos que a gente identificar, vamos votar para sustar”, frisou Alcolumbre. Maia concordou com o colega e disse acreditar que o fato de o cidadão estar armado não resolve o problema de segurança pública no país. “Há dados que mostram que a arma pode gerar mais violência em casa, mais violência doméstica”, completou.
Educação
A respeito do atual ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobrou risos dos líderes do Legislativo no Congresso. Eles acreditam que, “do ponto de vista da capacidade e do conhecimento, ele pode ser um grande ministro para o Brasil”, porém ainda está cometendo erros.
“Se tiver um musical, ele vai ser o principal ator, não vai?”, declarou Maia, arrancando risos de Alcolumbre.