Bolsonaro sobre EUA x Irã: “Poderia ser o fim da humanidade”
Presidente disse não acreditar que conflito, agravado após morte de general iraniano em ataque aéreo, culmine em guerra nuclear
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou, nesta sexta-feira (03/01/2020), “não estar preocupado” com uma possível escalada bélica na crise entre Estados Unidos (EUA) e Irã, que se tensionou ainda mais após o ataque aéreo assumido pelo Pentágono que causou a morte do general iraniano Qassim Suleimani na terça-feira (02/01/2020). “Aí é perde-perde. Em um conflito nuclear, perde o mundo todo, poderia ser o fim da humanidade”, afirmou.
Não foi possível, no entanto, entender exatamente à qual briga nuclear o presidente brasileiro se referia, porque todas as informações conhecidas são de que o Irã não tem bombas atômicas.
Mais cedo, ao deixar o hospital em que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, se recupera de cirurgias, Bolsonaro havia dito que não comentaria o conflito.
Em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, na Band, contudo, Bolsonaro afirmou que os interesses de Estados Unidos e Irã no embate apontam “mais a questão econômica” e os países “jamais entrariam em guerra”. De qualquer forma, ele avalia que o Irã precisaria provar sua capacidade de, como prometeu após o ataque contra o general, fazer uma “retaliação severa“.
“Acho muito difícil [uma retaliação], é praticamente suicida da parte do Irã. Espero que os ânimos se acalmem e que eles mudem sua forma de fazer política”, pontuou, acrescentando que “vem sentindo, em suas viagens” – em outubro, o presidente partiu em uma missão oficial ao Oriente Médio – que os iranianos estão “se distanciando” dos outros países da região.
Ele também disse, alfinetando o Irã por suas ligações com grupos estrangeiros xiitas, que nações que “dão guarita a terroristas” acabam afastando potenciais parceiros diplomáticos e comerciais. “É que nem a Palestina, cada vez se isola mais com suas ações terroristas contra Israel. Países que agem se colocando ao lado de terroristas se isolam.”
Na avaliação de Bolsonaro, o próprio Irã tem a perder com um eventual acirramento no conflito frente ao crescimento de fontes alternativas de energia. “A tendência do mundo é de consumir menos petróleo, o preço cair; economicamente, a situação do seu país cada vez se torna mais torna difícil.”
De qualquer forma, previu, “o mundo todo vai sofrer com a alta do petróleo” se o conflito se agravar a ponto de virar uma guerra.
“Há poucas semanas, tivemos um ataque de drones em refinarias na Arábia [Saudita], e houve um pequeno aumento no preço. Conversei com o Roberto Castello Branco [presidente da Petrobras] e ele acha que o pico vai ser semelhante, mas que em poucos dias vai se acomodar.”
Na próxima segunda-feira (06/02/2020), ele deve se reunir com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Petrobras para discutir o assunto.
Questionado sobre se o presidente dos EUA mira, com as ações no Oriente Médio, sua tentativa de reeleição neste ano, Bolsonaro disse que não. “Acho que o Trump não está fazendo campanha política em cima disso não, o americano tem uma linha muito séria nos seus interesses em combate ao terrorismo.”