Bolsonaro sobre demissão de Vélez do MEC: “Faltou expertise em gestão”
Presidente classificou o ex-ministro como uma pessoa “querida, amável e competente”, mas disse que a pasta não pode “continuar sangrando”
atualizado
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Depois da demissão do ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que faltou expertise e capacidade de gestão à frente da pasta. A afirmação foi feita em entrevista exclusiva à rádio Jovem Pan nesta segunda-feira (8/4), que será veiculada na íntegra às 18h.
Bolsonaro disse que Vélez é uma pessoa “simpática, amável e competente”, mas admitiu que os problemas no Ministério da Educação (MEC) ficaram insustentáveis. “A gente não pode continuar sangrando um ministério que é importantíssimo”, declarou o presidente.
Vélez Rodríguez esteve na corda bamba desde o início de seu mandato, com decisões e declarações polêmicas que impactaram tanto o MEC quanto a imagem do governo de Jair Bolsonaro. Na semana passada, o presidente indicou que decidiria o futuro do ministro nesta segunda e avaliou que ele “não estava dando certo”.
O anúncio da substituição foi feito por Bolsonaro no Twitter, nesta manhã. Quem assume o ministério é o professor Abraham Weintraub, economista formado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1994 e mestre em finanças pela Fundação Getulio Vargas.
Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Velez pelos serviços prestados.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 8 de abril de 2019
Em outra oportunidade, Bolsonaro chegou a dizer que Vélez “não tinha tato político” e que “tinha problemas” com o assunto. As declarações foram vistas como indicativos de que o ministro não permaneceria no cargo, como de fato aconteceu.
Na última semana, cresceu a especulação de que o senador pelo Distrito Federal Izalci Lucas (PSDB-DF) poderia ocupar o cargo de ministro, o que acabou não acontecendo. Na época, Bolsonaro disse que não havia pensado em um nome para a posição e chegou a brincar que ainda não tinha ficado “viúvo” para pensar no nome da “próxima noiva”.
Crise no MEC
Ricardo Vélez durou menos de 100 dias no governo como ministro da Educação. Nesse período, ele demitiu 92 pessoas do alto escalação do MEC. A última exoneração ocorreu na quinta (4), com o afastamento do escritor Bruno Garschagen, um dos principais assessores do ministro.
Com os descompassos na pasta, cargos importantes, como o comando do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), estão vagos. Além disso, nesse período, 20,8% dos servidores pediram demissão, como a ex-secretária de Educação Básica Tânia Leme de Almeida, que deixou a pasta por não ter sido consultada sobre a decisão do agora ex-ministro de suspender a avaliação de alfabetização.
Além da série de demissões do alto escalão do MEC, Vélez também gerou problemas ao governo devido a declarações polêmicas que deu enquanto estava à frente da pasta. Entre elas, a sugestão para alterar a maneira como é retratado o golpe de Estado que retirou o presidente João Goulart do poder, em 1964. O ministro disse que gostaria de rever a forma como o evento era chamado, banindo o termo ditadura.
Durante o mandato, o ministro enviou uma carta às escolas pedindo para os professores filmarem alunos perante a bandeira durante a execução do Hino Nacional e, após esse momento, solicitou que lessem uma mensagem com o slogan da campanha eleitoral de Bolsonaro. O pedido foi retificado na sequência.