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Bolsonaro nega ter usado dinheiro de fundo partidário em campanha

O presidente atacou a Folha de S.Paulo e criticou anunciantes do jornal por meio das redes sociais

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Bolsonaro discurso ONU
1 de 1 Bolsonaro discurso ONU - Foto: Organização das Nações Unidas

O presidente da República usou as redes sociais neste domingo (06/10/2019) para negar ter usado em sua campanha dinheiro de caixa 2, proveniente do suposto esquema de desvio de recursos do fundo partidário, por parte do PSL, investigado em Minas Gerais. Em meio a ataques ao jornal Folha de S.Paulo, que publicou reportagem apontando uma planilha apreendida em gráfica e um depoimento que indica que “parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.

“Não usei dinheiro do fundo partidário. Foram R$ 1,7 bi distribuidos aos partidos”, disse o presidente na postagem. “Arrecadei na Internet R$ 4 milhões e usei apenas a metade”, disse o presidente.

Bolsonaro chamou o jornal de “panfleto ordinário” e disse que o veículo “conseguiu descer às profundezas do esgoto”. No ataque ao veículo de imprensa, o presidente questionou os anúncios do jornal. “O que mais me surpreende são os patrocinadores que anunciam nesse jornaleco chamado de Folha de São Paulo”, postou.

De acordo com a reportagem, um depoimento concedido à Polícia Federal somado a uma planilha apreendida em gráfica, como parte das investigações sobre candidaturas laranjas no PSL, sugerem que o dinheiro do esquema em Minas Gerais foi desviado para abastecer, por caixa 2, as campanhas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ambos nos quadros do partido.

Em esclarecimentos à PF, Haissander Souza de Paula, assessor parlamentar de Álvaro Antônio à época e coordenador da campanha do mineiro a deputado federal no Vale do Rio Doce (MG), disse achar que “parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.

Além disso, as apurações revelaram uma planilha, nomeada “MarceloAlvaro.xlsx”, na qual há referência ao fornecimento de material eleitoral para a campanha do atual mandatário do país com a expressão “out”, o que, na compreensão de investigadores, significa pagamento “por fora”.

Boicote
A referência de Bolsonaro aos anunciantes do jornal repete a posição externada mais cedo pelo o chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Fabio Wajngarten. Também nas redes, ele criticou a reportagem e sugeriu um boicote publicitário a órgãos que, no seu entender, veiculam “manchetes escandalosas”.

Em nota conjunta divulgada neste domingo (06/10/2019), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) disseram condenar a manifestação de Wajngarten com críticas à mídia e repudiaram a posição do secretário. “A ANJ e a Aner lamentam ainda a visão distorcida do secretário sobre mídia técnica, o que é preocupante vindo de quem tem a responsabilidade de gerir recursos públicos de publicidade”, afirma a nota. O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Daniel Bramatti, disse que “a gravíssima manifestação do funcionário do governo Bolsonaro se insere em um contexto de sistemáticos ataques ao jornalismo vindos do presidente e de seus aliados”.

Segundo o presidente da entidade, eles “procuram suprimir ou desacreditar qualquer voz que se contraponha ou concorra com as narrativas oficialistas”. “Em uma democracia, é inaceitável que um representante do governo convoque anunciantes a boicotar veículos por insatisfação com o que publicam. Essa demonstração de descaso em relação aos princípios da impessoalidade e da liberdade de expressão (consagrados em nossa Constituição, por sinal) é típica de quem opta por seguir o roteiro da promoção do autoritarismo em vez do respeito à democracia”, acrescentou Bramatti.

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