Bolsonaro: “Não é justo atingir meu filho para me atingir”
Ao senador eleito Flávio Bolsonaro, o presidente enviou um recado: “Ao meu filho, aquele abraço e fé em Deus, que tudo será esclarecido”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta-feira (23/1), em entrevista à Record TV, que acredita no filho Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), senador eleito, quanto às explicações sobre suas movimentações financeiras consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
“Acredito nele. A pressão é enorme em cima dele e é para me atingir”, disse o presidente diretamente de Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial. “Ele [Flávio] tem explicado tudo o que acontece com ele nessas acusações infundadas. Mas teve seu sigilo quebrado e fizeram essa arbitrariedade. Não estamos acima da lei, mas que cumpram a lei. Não façam de maneira diferente para conosco. Não é justo atingir o garoto para me atingir. Ao meu filho, aquele abraço e fé em Deus, que tudo será esclarecido com toda a certeza”, destacou o presidente da República.
Mais cedo, Bolsonaro disse que lamentará, como pai, se as suspeitas sobre o filho venham a ser confirmadas quanto ao caso Coaf. Falou ainda que, caso isso aconteça, o senador eleito pelo PSL-RJ deve ser punido. E chamou as acusações de “ações inaceitáveis”.
“Se por acaso Flávio errou e isso ficar provado, eu lamento como pai. Se Flávio errou, ele terá de pagar preço por essas ações que não podemos aceitar”, disse o presidente em entrevista à TV Bloomberg.
Crise na Venezuela
Bolsonaro afirmou que o Brasil está no “limite” do que pode fazer para restabelecer a democracia na Venezuela. “A história tem nos mostrado que as ditaduras não passam o poder para a respectiva oposição de maneira pacífica. Nós tememos ações da ditadura Maduro”, ressaltou.
Segundo o presidente, há países fortes dispostos a outras consequências, numa referência ao presidente norte-americano, Donald Trump. “Obviamente, o Brasil acompanha com muita atenção. Estamos no limite do que podemos fazer para restabelecer a democracia naquele país”, disse.
Também nesta quarta, o Brasil formalizou o reconhecimento a Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. O anúncio foi feito por meio de nota divulgada pelo Itamaraty. Além do Brasil, Estados Unidos, Canadá e Argentina estão entre os países que já reconheceram o jovem opositor de Nicolás Maduro como presidente de fato do país latino-americano.
Segundo o texto do governo brasileiro, a condução de Guaidó, atual presidente da Assembleia Nacional do país, ao comando da nação é avalizado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano.
No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro confirmou o posicionamento do Brasil sobre o reconhecimento de Guaidó no comando do país vizinho. “O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social retornem à Venezuela”, disse, reproduzindo parte do texto divulgado pelo Itamaraty. A mensagem foi postada em português e inglês.
Interesse no Brasil
Bolsonaro afirmou que foi procurado por vários chefes de Estado e empresários em Davos. “Todos estão interessados no Brasil”, destacou. Ele, no entanto, disse que o interesse externo está condicionado ao ajuste fiscal. “Nós precisamos fazer a nossa parte. Não podemos continuar com o déficit que temos ano a ano. E algumas reformas temos de fazer para que eles voltem a ter confiança em nós”, explicou.
O presidente lembrou que as medidas de ajuste dependem do Congresso e chamou os parlamentares à responsabilidade. “Quero contar desde já com o Senado Federal e com a Câmara dos Deputados para atingirmos juntos esses objetivos”, convocou.
Segundo Bolsonaro, os investidores estrangeiros pedem que o país seja desburocratizado, diminua sua carga tributária e remova barreiras. “Com a equipe econômica, estamos conversando desde há muito e estamos ultimando medidas nesse sentido”, ressaltou o presidente.
Bolsonaro afirmou que os estrangeiros estão muito empolgados com o país e citou o novo recorde do Índice Bovespa no fechamento da sessão desta quarta (96.558,42 pontos), após o pronunciamento do ministro da Economia, Paulo Guedes. “E por que não dizer da minha (fala)?”, disse.
Cancelamento da entrevista
Sobre o cancelamento da entrevista coletiva que daria nesta quarta (23) em Davos, o presidente disse que o motivo foi sua saúde. “Por recomendação médica, tenho que chegar descansado ao hospital no domingo”, alegou. Bolsonaro vai se internar no Albert Einstein, em São Paulo, para retirar a bolsa de colostomia que utiliza desde o atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro.