Bolsonaro não deseja “controlar dados ambientais”, afirma porta-voz
Presidente disse que não podia ser pego “de calças curtas” e que informações do Inpe devem ser submetidas a autoridades antes da divulgação
atualizado
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O porta-voz da presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, negou na noite desta segunda-feira (22/07/2019) que haja intenção de Jair Bolsonaro (PSL) de controlar dados ambientais produzidos pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). “Absolutamente, não há intenção do presidente, no governo, de ferir essa cláusula pétrea que é a transparência no poder Executivo”, declarou.
Mais cedo, Bolsonaro voltou a falar de informações sobre o desmatamento no Brasil e afirmou que não queria ser pego de “calças curtas”. “Pode divulgar os dados, mas tem que passar pelas autoridades, até por mim. Eu não posso ser surpreendido com uma informação tão importante como essa aí”, afirmou o presidente, depois de um almoço com militares da Aeronáutica.
O diretor do Inpe, Ricardo Galvão, foi chamado para prestar esclarecimentos ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, sobre a divulgação de dados de desmatamento na Amazônia Legal brasileira. O porta-voz afirmou que o presidente não fez nenhum tipo de comentário sobre eventual demissão ou outra medida relacionada ao diretor.
Dados
De acordo com números divulgados pelo Inpe no início deste mês, o desmatamento atingiu 920,4 km² em junho, um aumento de 88% em comparação com o mesmo mês no ano passado.
Conforme o levantamento do órgão, as áreas da Amazônia que deveriam ter “desmatamento zero” perdem o equivalente a seis cidades de São Paulo em três décadas. Fora das áreas protegidas, a Amazônia perdeu 39,8 milhões de hectares em 30 anos, o que representa 19% de todas a floresta natural não demarcada que existia em 1985 – uma perda equivalente ao tamanho de 262 cidades de São Paulo.
Para o presidente, esses números são “exagerados” e prejudicam a imagem do Brasil, podendo atrapalhar negociações comerciais com outros países. “Levando-se em conta até a época, são exageradas. Você pode adjetivá-las da maneira que você achar melhor”, afirmou Bolsonaro.