Bolsonaro monta “estratégia” para sair do PSL, diz advogada
Karina Kufa afirmou, logo após deixar reunião com o presidente, que “há algo planejado”, mas data da saída depende de Bolsonaro
atualizado
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Ex-advogada do PSL e representante de Jair Bolsonaro desde a campanha de 2018, Karina Kufa confirmou na tarde desta quarta-feira (09/10/2019) que o presidente da República “cogita” sair do partido, mas afirmou que ainda não se sabe quando a decisão será anunciada, restando apenas a definição da estratégia a ser adotada. A informação foi dada logo após sair de uma reunião com Bolsonaro, no Palácio do Planalto, da qual participaram deputados do PSL que o apoiam.
Ela observou ainda que está ajudando o presidente a definir a estratégia a ser seguida. “Pode ser que sim, a gente vai ter que estudar estratégias, avaliar. A gente já tem algo planejado, mas, obviamente, a gente não pode apresentar a estratégia agora”, disse a advogada.
Antes da confirmação de Kufa sobre o desejo do presidente da República, o presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), afirmou que Bolsonaro já não tinha mais nenhuma relação com a legenda. “Quando ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL.”
Na última terça-feira (08/10/2019), Bolsonaro disse a um homem, que se identificou como pré-candidato pela legenda no Recife, para que ele esquecesse o partido. Em frente ao Alvorada, ele afirmou que Bivar “está queimado para caramba”.
O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga, que tem se reunido com Jair Bolsonaro frequentemente, também participou da reunião e indicou que o presidente está incomodado com a gestão do partido.
“Como ele tem a bandeira da nova política, da transparência com o dinheiro público, ele não está confortável no ambiente em que se encontra. Ele e vários parlamentares”, afirmou.
Gonzaga frisou que aconselhou Bolsonaro a seguir a “bandeira da ética” e se negou a comentar sobre as investigações do suposto esquema de uso de candidaturas laranjas do PSL para desviar recursos do fundo partidário. A apuração é feita pelo Ministério Público de Minas Gerais.
“Eu não quero falar de laranjal ou de qualquer outro tipo de suco, mas o problema é só responsabilidade com o dinheiro público. Essas outras questões acessórias serão analisadas pela Justiça Eleitoral em um tempo próprio”, disse.
O ex-ministro afirmou ter certeza de que mais da metade dos deputados do PSL deve acompanhar Bolsonaro em caso de saída. “O grupo que está aqui, está muito disposto a seguir o presidente e é um grupo bastante grande”, relatou.
“Só uma canelada”
O líder do PSL na Câmara dos Deputados, delegado Waldir (GO), confirmou que Bolsonaro continua no partido. Ele, contudo, não conversou com o presidente da República nem com o presidente da sigla, Luciano Bivar (PE) nesta quarta-feira.
“Não vai sair. É só acompanhar no TSE que ele não desfiliou”, afirmou. Segundo Waldir, o presidente só deu uma “canelada”, mas “já se manifestou dizendo que a declaração foi equivocada”. “Já está pacificada a situação”, completou.
O deputado federal afirmou que Bivar e quase todos os parlamentares do PSL ficaram “magoados” com a declaração de Bolsonaro. Mas disse que o mal-entendido “passa, assim como uma briga entre marido e mulher”.
“O presidente Bivar e quase unanimidade dos parlamentares ficaram muito magoados. Mas isso passa, é como briga de marido e esposa, é algo que passa. Não é bom para o Brasil [crise no PSL].”