Bolsonaro descarta Revalida para médicos formados no Brasil
Possibilidade foi levantada pelo futuro ministro da Saúde, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta
atualizado
Compartilhar notícia
Presidente eleito, Jair Bolsonaro descartou, neste domingo (25/11), a possibilidade de submeter os médicos brasileiros ao Revalida, prova de avaliação e qualificação exigida para os profissionais formados fora do Brasil. Segundo o futuro chefe do Palácio do Planalto, a hipótese não é considerada. Também criticou a prova realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que os recém-formados tenham carteira com número da entidade.
“Sou contra o Revalida para os médicos brasileiros, senão vai desaguar na mesma situação que acontece na OAB. Não podemos formar jovens e depois submetê-los a ser boys de luxo em escritórios de advocacia”, afirmou o presidente eleito.
Por meio de nota, o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, rebateu as críticas de Bolsonaro.
“O Exame de Ordem é um importante meio para aferir a qualidade do ensino do direito. Trata-se de uma prática comum em inúmeros países do mundo, como Estados Unidos e Japão e em praticamente toda a Europa, que tem por objetivo preservar a sociedade de profissionais que não detenham conhecimento suficiente para garantir o resguardo de direitos fundamentais, como a liberdade, a honra e o patrimônio das pessoas. É sempre importante esclarecer que o Exame de Ordem não tem número de vagas limitado, todos os que atingem a pontuação mínima podem vir a exercer a advocacia. A OAB busca constantemente o aperfeiçoamento dos cursos de direito no país, requerendo inclusive maior controle por parte do Ministério da Educação para a autorização de abertura de novas vagas, para que a qualidade do ensino não seja comprometida. Aliás, seria importante o comprometimento do futuro governo contra o uso político do MEC que tem patrocinado ao longo dos últimos anos um verdadeiro estelionato educacional ao autorizar o funcionamento de faculdades de direito sem qualificação, contrariando pareceres da OAB e os interesses de toda a sociedade”, afirmou Lamachia.
A afirmação de Bolsonaro ocorreu depois de ele participar de almoço na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, no Rio de Janeiro, no 10º Encontro do Calção Preto, que reúne antigos e atuais comandantes, professores e monitores da escola.
Em entrevista ao jornal O Globo, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta, confirmado para o Ministério da Saúde, defendeu a aplicação do exame Revalida para os médicos brasileiros, nos moldes do que ocorre com os profissionais da OAB. Segundo ele, seria um bom exemplo uma recertificação após cinco anos da formatura.
Para Mandetta, o sistema que observa a atuação médica dos profissionais que trabalham no Brasil é “um dos modelos de fiscalização do exercício profissional mais frágeis do mundo”.
No Rio, Bolsonaro reafirmou a disposição de concluir a montagem de sua equipe ministerial até a próxima semana. Ele disse que negocia com as bancadas e não com os partidos. São aguardadas definições para os ministérios do Meio Ambiente, da Cultura, do Esporte, dos Direitos Humanos, Minorias e Mulheres.
“Estamos escolhendo o melhor, conversando com as bancadas e não com os partidos, de forma independente e isenta. Que sejam [pessoas] honestas e pensem no Brasil e não na agremiação partidária”, observou o futuro presidente.
Consciência de cada um
Bolsonaro reiterou a importância de o Congresso Nacional votar temas de relevância. Segundo ele, o empenho não é para o presidente da República ou o Parlamento, mas para o país. “[As votações] são para o país e aí vai da consciência de cada um. Eu decidi, há quatro anos, quando iniciei a minha campanha, fazer uma política diferente. Se vai dar certo, espero que sim. A mesma é que daria errado”, encerrou.
Mesmo fã de futebol, o presidente eleito resolveu desistir de assistir ao jogo do Palmeira com o Vasco, hoje no São Januário. Ele disse ter sido desaconselhado a ir ao estádio. “Vou ver em casa mesmo e torcer pelo empate”, disse.
Bolsonaro também afirmou que segue as orientações médicas à risca, embora tenha reconhecido que ficou aborrecido com o adiamento da cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia para 20 de janeiro de 2019. O presidente eleito disse que pretende ir a Brasília na terça-feira (27) e retornar no dia 28 para o Rio de Janeiro.