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Análise: morte da menina Ágatha serve de aviso para Witzel e Bolsonaro

As “arminhas” feitas com as mãos e a destruição da placa em homenagem a Marielle simbolizam uma concepção bestial sobre o papel do Estado

atualizado

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Ágatha Félix
1 de 1 Ágatha Félix - Foto: Reprodução/Facebook

Queiram ou não, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o governador do Rio de Janeiro (PSC), Wilson Witzel (PSC) terão de responder pela morte da menina Ágatha Vitória Sales Felix, de oito anos. Os dois fizeram campanhas eleitorais com discursos radicais sobre segurança pública e, por consequência, têm responsabilidade política sobre a atuação das forças de segurança.

Ainda não se tem uma conclusão sobre de onde partiu a bala fatal. A família aponta a polícia como culpada e a presença de PMs na cena do crime fortalecem essa hipótese.

Mas o que está em jogo, de qualquer forma, é o modelo de combate à violência alardeado por Bolsonaro e posto em prática por Witzel. Ambos priorizam o uso da força policial e sinalizam impunidade para agentes de segurança que matam durante as operações.

As “arminhas” feitas por Bolsonaro na campanha e a placa em homenagem à vereadora Marielle Franco quebrada ao lado de Witzel simbolizam uma concepção bestial de interferência do Estado na sociedade. Na falta de uma solução racional, os dois apostam na violência contra a violência.

Os índices de criminalidade no Brasil atingiram níveis alarmantes nas últimas décadas, é verdade. Não se pode atribuir unicamente aos governos atuais a culpa pela falta de segurança da população. Mas o capitão Bolsonaro e o juiz Witzel deram especial importância ao tema em suas campanhas. Logo, cabe a eles demonstrar competência nessa área.

Por enquanto, no Rio de Janeiro, o que mais chama atenção são sobrevoos de helicópteros próximos a escolas, inocentes mortos nas ruas e matanças na periferia. No dia 8 de fevereiro, por exemplo, a Polícia Militar de Witzel matou 14 pessoas nos bairros de Catumbi e Santa Tereza.

Supostamente, as vítimas eram bandidos. Mas esse tipo de operação cria uma sensação de carta branca que se desdobra em tragédias como a de Ágatha. Foi o que aconteceu no dia 7 de abril, quando 12 militares mataram com mais de 80 tiros o músico Evaldo dos Santos Rosa e um catador de objetos recicláveis, Luciano Macedo.

O músico dirigia um carro e voltava de um aniversário com a família. Assim como a garota assassinada na sexta-feira (20/09/2019), Evaldo e Luciano não retornaram com vida para casa. Foram impedidos pelas balas das forças de segurança comandadas por Witzel ou, no mínimo, em consequência de erro grave dos policiais.

Episódios devem servir de aviso para Bolsonaro e Witzel. Mas o que se viu nesta segunda-feira (23/09/2019) foram reações defensivas e afirmativas da política da matança. Foi assim na entrevista coletiva dada pelo governador três dias depois do assassinato de Ágatha.

O vice-presidente Hamilton Mourão foi além. Ao falar com jornalistas, o general defendeu as normas “excludentes de ilicitude”, propostas pelo governo, que ampliam a impunidade dos policiais. Mais do que isso, ele insinuou que a menina foi morta por traficantes.

Como não apresentou qualquer evidência que sustente sua afirmação, Mourão passou a ideia de que quis enganar os brasileiros. No caminho da embromação, com certeza, o país não vai solucionar os problemas de segurança.

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