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Análise: Moro tromba com Maia e piora relação entre governo e Câmara

Rusga entre ministro da Justiça e presidente da Casa aumenta tensão política em Brasília e interfere na tramitação das propostas do governo

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Rodrigo Maia toma café da manhã com jornalistas
1 de 1 Rodrigo Maia toma café da manhã com jornalistas - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O ambiente político continua tóxico no Brasil. A prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) ajuda a conturbar um cenário de incertezas, contaminado por denúncias de corrupção, disputas ideológicas e trombadas entre autoridades dos Três Poderes.

Um novo foco de instabilidade eclodiu na quarta-feira (20/3), quando o ministro da Justiça, Sergio Moro, reclamou do rito adotado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a tramitação do pacote anticrime.

O deputado fluminense irritou-se com a atitude do integrante do governo. Afirmou que Moro é “funcionário” do presidente Jair Bolsonaro e não entende de política. Disse, ainda, que qualquer conversa nesse sentido tem de partir do capitão e não do ministro.

Reconhecido pela habilidade política, Maia não costuma falar nesse tom. O fato de ter reagido com veemência ao comportamento de Moro é mais um sintoma do nervosismo reinante em Brasília.

Moro reagiu com o argumento de que a população tem interesse na aprovação do pacote anticrime. Assim, empurrou para o Congresso a responsabilidade pelo combate à corrupção e à violência.

O governo depende de uma boa relação com Senado e Câmara para aprovar as propostas voltadas ao combate à criminalidade e à reforma da Previdência. Trombadas como essa entre o ministro e o presidente da Câmara expõem as dificuldades para a costura de acordos entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.

Nos tempos em que teve poder, nas duas pontas do balcão, Michel Temer (MDB-SP) – preso nesta quinta-feira pela PF, em decorrência da Lava Jato – foi um especialista nesse tipo de negociação. Como presidente da Câmara, colaborou com os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro deve entrar em campo
No Palácio do Planalto, depois de comandar a derrubada da presidente Dilma Rousseff, Temer fez valer sua liderança na Câmara ao derrubar dois pedidos de impeachment contra ele que chegaram ao plenário. Em todas as circunstâncias, a sintonia entre Executivo e Legislativo assegurou as vitórias do emedebista e seus aliados.

A trajetória do ex-presidente mostra a importância desse diálogo. Por isso, para pavimentar o andamento das propostas do governo, Bolsonaro precisa entrar em campo para amarrar acordos com o Parlamento.

Se o presidente não conseguir acalmar os ânimos, o ar continuará pesado, quase irrespirável. Nessas circunstâncias, caso não haja interação dos propósitos, morrerão as esperanças de aprovação das reformas.

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