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Análise: eleito por 57 milhões, Bolsonaro guia-se por um só homem

Influência de Olavo de Carvalho no governo tira prestígio dos militares e leva presidente a determinar silêncio obsequioso de generais

atualizado

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Flickr/Palácio do Planalto
17/03/2019 Jantar com formadores de opinião
1 de 1 17/03/2019 Jantar com formadores de opinião - Foto: Flickr/Palácio do Planalto

Escolhido para comandar o país por 57 milhões de brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deixa-se levar pelas ideias de um homem só. A influência do escritor direitista Olavo de Carvalho sobre integrantes do governo conturba o ambiente político e joga o país em intermináveis discussões desconexas da realidade.

Para usar uma expressão atual, o guru de Bolsonaro provoca balbúrdia nos altos escalões da República. Em sua volúpia destrutiva, Olavo atua na desmoralização do núcleo de generais da Esplanada. Age com plena liberdade, sem admoestações do fã incondicional sentado na cadeira mais poderosa do Palácio do Planalto.

Em reunião com os comandos militares nessa terça-feira (07/05/2019), o presidente (na foto em destaque, ao lado de Olavo de Carvalho) pediu que os subordinados fardados não alimentem o debate público com o escritor, conforme revelou o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Levada ao pé da letra, a orientação obrigará os generais a aguentarem calados os esculachos diários aos quais são submetidos.

Nos tuítes disparados de Virgínia, nos Estados Unidos, o autoproclamado filósofo refere-se a oficiais do Exército Brasileiro com expressões chulas e desabonadoras. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), por exemplo, é “um idiota”. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Santos Cruz, recebeu o tratamento de “seu merda”, entre outros.

Olavo referiu-se de forma pejorativa ao ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas como um “doente preso em cadeira de rodas”. Foi uma alusão à doença degenerativa sofrida pelo general, hoje assessor do GSI.

Ao bancar o guru, o presidente volta a desafiar generais, como fazia no tempo em que, na ativa, praticava atos de indisciplina no Exército. Com essa determinação, Bolsonaro faz valer sua condição de comandante em chefe das Forças Armadas – acima de todas as patentes.

A postura do presidente obriga os militares a um obsequioso silêncio. Olavo pode falar à vontade. Afinal, ele é dono do próprio nariz, conforme lembrou Bolsonaro. Aos generais, essa autonomia foi vetada.

“Ideologia insana”
As razões da idolatria, pelo visto, decorrem da gratidão do presidente pela contribuição de Olavo na eleição de 2018. Em mensagem distribuída pelo Twitter nessa terça-feira (07/05/2019), Bolsonaro creditou ao escritor o “trabalho contra a ideologia insana” dos governos anteriores. Nessa condição, sem cargo ou patente, o professor on-line de filosofia paira soberano sobre todos os escalões da República.

Além da supremacia de Olavo nos debates do governo, a relação do presidente com os militares passa por mais um teste. Também nesta terça, os comandantes souberam que as Forças Armadas terão as verbas contingenciadas em 43%.

Se essa decisão for mantida, os generais terão de conviver com mais esse desprestígio. Aos poucos, eles aprendem como o capitão governa.

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