Alcolumbre: “Governo comete, todos os dias, algum tipo de trapalhada”
Presidente do Senado espera que governo dialogue mais com o Congresso e criticou a coordenação política desta gestão
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) comete, diariamente, “algum tipo de trapalhada na coordenação política”. Segundo ele, o relacionamento desta gestão com o Congresso não está funcionando, além de haver muito “desencontro”. A declaração foi dada durante entrevista ao programa Central GloboNews, na noite dessa quarta-feira (05/06/2019).
O parlamentar do DEM afirmou que existe um desejo enorme tanto da Câmara quanto do Senado Federal em ajudar o governo, no entanto, falta reciprocidade. “Agora acabou a eleição e ele [Jair Bolsonaro] precisa se aproximar dos deputados e senadores”, disse, em referência ao modelo de não se aproximar da política que o presidente adotou durante as eleições.
O presidente do Senado afirmou que, caso a reforma da Previdência seja aprovada, será porque existem parlamentares que acreditam nesse caminho para gerar riquezas e transformar o Brasil. “O governo comete, todos os dias, algum tipo de trapalhada na coordenação política, na gestão e na relação política”, destacou Alcolumbre. “É muito desencontro ao mesmo tempo, em uma mesma semana”.
Em seguida, o parlamentar do DEM recordou a votação no Senado da medida provisória 870 — que reestruturava a administração federal reduzindo de 29 para 22 o número de ministérios —, aprovada no último dia 28 de maio. Na ocasião, Jair Bolsonaro enviou uma carta aos senadores e pediu a aprovação do referido projeto.
O presidente da República, acredita Davi Alcolumbre, se sentiu obrigado a assinar o documento e entregar à Casa, entretanto, só fez isso no dia da votação. “[O governo Bolsonaro] foi obrigado a fazer esse documento porque o Senado Federal precisava de um sinal que ele confia na política”, argumentou.
Agenda política
Nessa segunda-feira (03/06/2019), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que não viu por parte do governo federal uma agenda ampla para tirar o país da crise. Davi Alcolumbre não quis comentar sobre a agenda política do presidente Bolsonaro, mas deixou claro acreditar que o governo não tem uma.
“Se o governo não tiver a sua agenda, e parece que não tem, a gente vai fazer a nossa”, declarou Alcolumbre. Segundo ele, é preciso tomar essa iniciativa pois “a cobrança está caindo em cima do Parlamento no final das contas”. “E muitas das vezes é uma cobrança agressiva e injusta contra a política”, completou.
Estados e municípios
Sobre a decisão de excluir estados e municípios da reforma da Previdência, levantada por alguns líderes da Câmara, Davi Alcolumbre se mostrou desfavorável. O senador acredita que seja necessário um esforço conjunto de todas as autoridades. “Não é possível que os governadores, muitos dos quais se comprometeram no processo eleitoral para fazer diferente, chegarem no momento em que se precisa deles, fazerem de conta que não estão apoiando a reforma”, destacou.
“É preciso entender”, continuou Alcolumbre, “que a reforma da Previdência não é uma reforma do governo Bolsonaro”. Segundo o presidente do Congresso, há muitas pessoas que querem se beneficiar dela, mas na base eleitoral criticam. Ele aproveitou a oportunidade para pedir apoio de prefeitos e vereadores.