Agressor de Bolsonaro será transferido para prisão de segurança máxima
Durante audiência de custódia nesta tarde, Justiça federal decidiu manter Adélio Bispo de Oliveira preso preventivamente em cadeia da União
atualizado
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Juiz de Fora (MG) – Terminou há pouco a audiência de custódia de Adélio Bispo de Oliveira, detido por esfaquear o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, nessa quinta-feira (6/9) – ele confessou o crime. O deputado Fernando Francischini, que é delegado da Polícia Federal, ficou em Juiz de Fora (MG), onde ocorreu o ataque, para acompanhar a audiência de Adélio. Segundo o parlamentar, a juíza de plantão Patricia Alencar, da 2ª Vara da Justiça Federal, manteve a prisão preventiva do agressor.
A juíza ainda determinou a transferência para um presídio federal de segurança máxima, uma vez que o acusado foi indiciado em crime contra a Segurança Nacional. O pedido foi feito pela bancada do PSL. A audiência foi acompanhada por quatro advogados de defesa de Adélio, o que causou estranheza ao deputado.
“Estranho que o agressor , desempregado tenha uma defesa com quatro advogados particulares “, disse Francischini, referindo-se à suspeita de crime orquestrado. Adélio se manifestou durante a audiência e alegou que cometeu um “incidente” contra Jair Bolsonaro motivado por divergências políticas e religiosas. Nessa quinta, ele chegou a dizer que agiu por “ordem de Deus”.
Líder do PSL na Câmara dos Deputados, Francischini não soube informar para qual presídio Adélio será transferido e nem quando isso ocorrerá, o que está a cargo da Justiça Federal. É grande a possibilidade de ele ir para o presidio federal de Campo Grande (MS) e que a transferência ocorra neste sábado (8).
Para o deputado, a transferência se faz necessária para evitar “queima de arquivo, o que já ocorreu na história recente da política brasileira”. Com a prisão em flagrante mantida, Adélio Bispo permanecerá detido enquanto a PF prossegue com o inquérito sobre atentado ao presidenciável.
Assista vídeo da entrevista:
Outros envolvidos
Mais uma vez o parlamentar reforçou que o atentado à faca contra Jair Bolsonaro deve ter tido a participação de mais pessoas, mesmo que indiretamente. “Foram encontrados quatro aparelhos celulares, mais um laptop [com Adélio ou na pensão onde se hospedava]”, detalhou o deputado.
“Não casa com a imagem, com o que a gente vê dessa pessoa. Ele passou por várias cidades nos últimos dias e estamos tentando casar as agendas do Bolsonaro, para ver se ele não esteve nas mesmas cidades”, sustentou Francischini. “Ele não tem tamanho para ser um autor sozinho de um atentado contra a vida do Jair Bolsonaro”, concluiu o delegado parlamentar.
O representante da Comissão de Direitos Humanos e Sistema Prisional da Ordem dos Advogados do Brasil em Juiz de Fora, Robson Feijão, afirmou que há provas coletadas pela Polícia Civil, entre elas imagens de câmera de segurança e conversas nas redes sociais que envolvem mais duas pessoas no ataque a Jair Bolsonaro. Uma mulher de cerca de 25 anos é uma das suspeitas. Este material, segundo ele, já foi todo reunido e será repassado à PF.
Agiu sozinho, diz defesa
Os advogados de defesa de Adélio Bispo de Oliveira descartaram ou envolvimento de mais pessoas no ataque ao presidenciável do PSL. Zanone Júnior, Fernando Magalhães, Pedro Possa e Marcelo Costa, que representaram o agressor na audiência, reiteraram à imprensa que Adélio foi categórico ao afirmar que ter agido sozinho, de forma individual, movido pelas divergências de opiniões com o candidato, especialmente em relação a afirmações tidas como preconceituosas.
“O nosso cliente confessou o crime e, portanto, nossa linha de ação são as atenuantes, incluindo declarações e comportamento de Bolsonaro”, disse Zanone. O advogado admitiu que Adélio é um cidadão politizado, porém, assegurou não ter havido qualquer premeditação ou orquestração. “Ele agiu sob forte tensão, já usou medicamentos e, inclusive, vamos solicitar perícia de sanidade mental dele”, disse o defensor.
Sobre a transferência do homem para presídio federal, os advogados concordaram com a decisão, bem como com o indiciamento por crime contra a Segurança Nacional. A transferência precisa ser feita de forma imediata, segundo os advogados, que também não sabem ainda para qual unidade federal irá o cliente.
Da sede da Justiça Federal, Adélio retornou às dependências da Polícia Federal de Juiz de Fora, onde aguardará a transferência. Os advogados disseram ainda que acompanham o acuso a pedido da família e de uma igreja evangélica.