Acordo de delação de Funaro prevê 2 anos de prisão e multa de R$ 45 mi
Delator afirmou que propina da Odebrecht foi dividida entre o presidente Michel Temer e Geddel
atualizado
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O doleiro Lúcio Funaro se comprometeu, em acordo de colaboração premiada, a pagar uma multa R$ 45 milhões e a cumprir dois anos de prisão em regime fechado. A pena tem ao todo 30 anos e deverá ser cumprida uma parte em prisão domiciliar, outra por meio da prestação de serviços à comunidade. Um outro período será destinado a realização de estudos. Atividades que poderão reduzir ainda mais a pena.
Em sua delação premiada, Funaro afirmou que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), dividiu com Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-homem forte de seu governo, propina da Odebrecht. Nos anexos de sua colaboração, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou ter buscado R$ 1 milhão em espécie, supostamente pagos pela empreiteira, no escritório do advogado e ex-deputado José Yunes, amigo de Temer. Relatou também ter mandado a quantia para Geddel, na Bahia.
Nesta sexta-feira (13), foi divulgado pela Folha de S. Paulo vídeo do depoimento de Lúcio Funaro, prestado à Procuradoria-Geral da República durante o procedimento de delação premiada, no qual o operador financeiro afirmou que era “lógico” o conhecimento do ex-assessor especial do presidente Michel Temer sobre a entrega de uma caixa com dinheiro em setembro de 2014.
“Ele (Yunes) tinha certeza que era dinheiro, sabia que era dinheiro, tanto que ele perguntou se meu carro estava na garagem, porque ele não queria que eu corresse risco de sair com a caixa para a rua. E até pelo próprio peso da caixa, para um volume de R$ 1 milhão, é uma caixa bem pesada”, afirmou Funaro em declaração feita ao Ministério Público Federal no dia 23 de agosto.
A revelação do caso, no fim de 2016, em meio às delações da Odebrecht, levou à saída de Yunes do Palácio do Planalto. Na versão do ex-assessor de Temer, no entanto, ele nega o conhecimento do conteúdo do pacote e diz ter sido “mula involuntário” do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.