A discreta volta de Aécio à Câmara
Deputado tucano se isola e evita discursos em plenário. PSDB não deve indicar o nome do parlamentar para presidir comissões na Casa
atualizado
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Ex-presidente nacional do PSDB e aposta do partido para a Presidência da República até cair na Operação Lava Jato, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) tem adotado uma postura discreta na Câmara neste início do mandato. Acusado de ter recebido propina de empresários, o tucano é réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Na quarta-feira (20/2), se livrou de processo de expulsão do PSDB pelo envolvimento em escândalos de corrupção.
Embora já tenha presidido a Câmara entre 2001 e 2002, Aécio não apresentou, até agora, qualquer projeto e não pleiteou cargo na Mesa Diretora da Casa. Ele também não deverá ser indicado para a presidência de comissões, função que o PSDB pretende reservar aos mais jovens da sigla.
A atuação nas sombras é uma forma de blindar o partido de críticas pela decisão de abrigá-lo. A regra é: quanto menos ele aparecer, melhor. O partido reservou para Aécio a presença em apenas duas comissões temáticas, onde são votados os projetos antes de seguirem para o plenário, ainda não definidas. Numa delas será suplente.
Eleito com 106.702 votos, Aécio ainda não fez discurso na tribuna da Câmara. Até agora, marca presença no plenário apenas quando tem votação. Tem motivo para isso. Quem não comparece, tem desconto no salário de R$ 33,7 mil.
Na terça (19), ajudou a impor a primeira derrota ao governo Jair Bolsonaro. Aécio foi um dos 367 deputados que votaram para derrubar decreto sobre classificação de documentos ultrassecretos.
Quando não há votação, o tucano se isola no gabinete, numa rotina bem diferente de antes de ser revelada sua relação suspeita com o empresário Joesley Batista, da JBS. O que não é discreto, porém, é o seu gabinete. Como ex-presidente, ocupa um dos maiores e teve atendido seu pedido para incorporar no espaço uma cozinha. Até agora, nomeou nove dos 25 assessores a que tem direito.