Policiais rebatem Mourão: “Qual sacrifício quer mais? Morremos na rua”
Categoria está irritada com governo após base aliada votar contra emenda que retirava grupo de restrições como congelamento de salários
atualizado
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Após o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), pedir a “cota de sacrifício” das carreiras policiais na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, a categoria subiu o tom contra o número dois do Palácio do Planalto.
Nesta quarta-feira (10/3), a União de Policiais do Brasil (UPB) reuniu representantes de mais de 20 categorias para criticar a base aliada do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Câmara dos Deputados, que votou contra uma emenda que retira o grupo da PEC. O texto prevê congelamento de salários e paralisação de contratações.
Marcelo Azevedo, diretor Jurídico da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), afirmou que declarações como a do vice-presidente causam reações nas bases policiais.
Marcelo Azevedo acrescentou. “Nosso povo está morrendo trabalhando nas ruas. Qual sacrifício querem mais?”, afirmou, ao explicar que o Brasil é um dos países onde mais policiais morrem à serviço ou não.
O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, também ficou insatisfeito com as declarações de Mourão.
“Se tem uma categoria que sabe o que é sacrifício é a de segurança pública. Só de ter a funcional e uma arma já é um sacrifício”, salientou.
Os prejuízos para a categoria, na prática, se a PEC for aprovada, envolvem o congelamento de salário, proibição de ascensão de carreira e, sempre que houver decretação de estado de calamidade, a impossibilidade de novas contratações.
A fala de Mourão
Mourão, ao conversar com jornalista na manhã desta quarta-feira, afirmou que “a categoria tem que compreender a situação fiscal” e que deveriam “dar a cota de sacrifício”.
“Não resta dúvida que o segmento da segurança pública é extremamente importante, porque provê uma das necessidades básicas da população. Mas, da mesma forma que a gente reclama que não pode ter tratamento desigual, as pessoas têm que compreender a situação fiscal que o governo se encontra”, defendeu.
Mourão afirmou que o momento é de crise e “requer medidas onde todos têm que dar sua cota de sacrifício”.