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Policiais criticam Bolsonaro: “Nos trata com desprezo”

Estopim foi voto da base do governo contra emenda da PEC Emergencial que retirava a categoria do texto. Medida prevê congelamento de salário

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Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
Entrevista coletiva da União dos Policiais do Brasil
1 de 1 Entrevista coletiva da União dos Policiais do Brasil - Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

Um dos principais grupos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na eleição de 2018, as forças policiais sacramentaram uma ruptura com o chefe do Palácio do Planalto. Se na campanha eleitoral a categoria foi, ao lado de evangélicos e conservadores, uma força motriz para a vitória nas urnas, hoje, a relação anda estremecida.

O mais recente estopim foi o voto da base do governo de Bolsonaro contra a emenda que retirava policiais da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial — texto que entre outras coisas, suspende reajustes salariais e proíbe contratações.

Nesta quarta-feira (10/3), a União dos Policiais do Brasil (UPB), grupo que representa mais de 20 entidades da categoria, criticou o que chama de “desprezo” do presidente.

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Organização disse que o presidente Bolsonaro mostrou desprezo pelos policiais
Entrevista coletiva da União dos Policiais do Brasil
Luis Boudens, presidente da Fenapf
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André Gutierrez, representante da Cobrapol

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Organização disse que o presidente Bolsonaro mostrou desprezo pelos policiais

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Luis Boudens, presidente da Fenapf

Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

Para eles, os profissionais que atuam na linha de frente do combate ao crime, mesmo durante a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, não receberam apoio do presidente.

Edvandir Paiva, presidente da Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal (ADPF), afirmou que os policiais continuaram trabalhando mesmo durante a pandemia. Em um balanço, Jurandir disse que a Polícia Federal realizou seis mil operações e recuperou R$ 9,6 bilhões.

“A PEC traz dispositivos desproporcionais. Não é adequado congelar contratações por 15 anos. Neste período, teremos aumento de população, de criminalidade. Como vamos atrair profissionais com congelamento de progressões? Desde 2016 não há reajuste de salários”, criticou.

Ele afirma que não podem aceitar o tratamento dispensado à categoria.

“São profissionais que estão adoecendo, outros que morreram e muitos que estão com sequelas da Covid-19. Os policiais que acreditaram tanto que seriam valorizados por um governo, estão extremamente desmotivados. A PEC Emergencial é importante para a sociedade, mas nesses termos é uma maldade com os policiais”, finalizou.

“Degradação”

André Luiz Gutierrez, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis, frisou que a categoria vai reagir.

“Os policiais civis estão revoltados, indignados. Os cidadãos merecem mais que R$ 250 [valor do auxílio a ser pago nos próximos meses] e os policiais, mais respeito”, ponderou.

Outra liderança, Marcelo Azevedo, diretor Jurídico da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), afirmou que na prática, a PEC representa uma degradação às forças policiais.

“Isso vai contra o próprio discurso feito pelo representante eleito pela sociedade. Os policiais estão se arriscando na ruas. Temos dados assustadores. Mais de 15% dos policiais rodoviários federais já tiveram Covid-19. O índice está acima da média da população”, exemplificou.

Embates

Essa não é a primeira vez que a categoria critica Bolsonaro. Durante negociações de reajustes salariais e concessão de benefícios, policiais estiveram em lado antagônico ao do presidente.

Agora, a PEC, se aprovada, estipula gatilho para congelamento de salário e proibição de progressão na carreira e novas contratações sempre que houver decretação de estado de calamidade ou quando a relação entre despesas correntes e receitas correntes alcançar 95%.

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