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Polícia tenta acordo com ex-PM para informações sobre o caso Marielle

Suspeito de chefiar uma milícia, ele é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora e está preso por causa de outro homicídio

atualizado

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Marielle Franco
1 de 1 Marielle Franco - Foto: Divulgação

Autoridades de segurança responsáveis pela investigação dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes tentam negociar um acordo de colaboração premiada com o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica.

Suspeito de chefiar uma milícia, ele é acusado de ser um dos mandantes do duplo homicídio, ocorrido em 14 de março, e está preso por causa de outro assassinato. Na noite de quinta-feira (10/5), o delegado Giniton Lages, responsável pela investigação, esteve em Bangu 1. Segundo a polícia, o objetivo era conversar com Araújo. O promotor do caso, Homero das Neves, pretende conversar com o ex-PM semana que vem.

Apontado por uma testemunha como um dos articuladores da morte de Marielle, Araújo acusou o delegado de ameaçá-lo, como o objetivo de o ex-policial confessar participação na execução da parlamentar. A informação é do advogado Renato Darlan, representante de Araújo e que esteve com seu cliente na manhã desta sexta-feira (11). Segundo o advogado, não se trata da negociação de um acordo, até porque Araújo já negou envolvimento no crime, mas, sim, de coação.

“Ontem à noite (quinta-feira), o Araujo recebeu a visita do delegado da Divisão de Homicídios, em Bangu, que claramente o ameaçou”, contou Darlan. “Giniton disse que ele deveria assumir esse homicídio (de Marielle). Desta forma, poderiam prender o vereador (Marcello Siciliano) e dar a ele (Araújo) o perdão judicial. Caso contrário, mais dois homicídios seriam colocados na conta dele, e ainda seria transferido para (o presídio federal de) Mossoró (RN)”, prosseguiu o advogado.

A Secretaria de Segurança confirmou a ida do delegado à unidade “para ouvir o preso sobre o homicídio da vereadora”. Em nota, a pasta informou ainda: “mesmo após ter pedido a presença do delegado, o detento disse que não prestaria depoimento formal. O delegado explicou ao preso quais são os seus direitos e propôs conversar com o advogado antes de tomar uma decisão”.

Trama
Uma testemunha do caso apresentou-se espontaneamente à polícia e implicou Araújo e o vereador Marcello Siciliano (PHS) no crime – o político teria tramado a execução, segundo essa pessoa. Siciliano negou envolvimento e classificou as acusações de “factoides”. Araújo, por sua vez, divulgou carta negando participação no caso e qualquer envolvimento com a milícia da zona oeste do Rio de Janeiro – outra acusação lhe imputada pela testemunha.

O ex-PM estava preso preventivamente em Bangu 9, acusado de um assassinato com características de execução semelhantes às do crime de Marielle e Anderson e também por posse ilegal de arma. Segundo investigações do Ministério Público, Araújo é miliciano conhecido e atua na área de Curicica, na zona oeste. Sua defesa sustenta, no entanto, que ele é apenas um líder comunitário.

Na noite de quarta-feira (9), logo depois da divulgação das acusações da testemunha, Araújo foi transferido de Bangu 9 para Bangu 1, um presídio de segurança máxima. Segundo o advogado Renato Darlan, seu cliente está sem comer desde a noite da transferência porque, tendo sido ameaçado de morte no presídio, só se alimentava com refeições vindas de fora. Teme ser envenenado. Em Bangu 1, no entanto, só é permitido aos presos comer a comida da prisão. Agora, diz Darlan, ele está sendo ameaçado.

 

Segundo a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, a transferência de Araújo já estava pedida desde o dia 25 de abril, “por conta de condutas criminosas que lhe são imputadas em outras investigações”.

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