Polícia relaciona tráfico ao show que fez Belo ser preso no Rio
Organizador diz que eventos na favela precisam de autorização de criminosos. Polícia busca chefe do tráfico da comunidade
atualizado
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Rio de Janeiro – A Polícia Civil do Rio está perto de estabelecer a relação entre o show clandestino do cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, realizado no pátio do Ciep 326 Professor César Pernetta, no Parque União, no Complexo da Maré, zona norte do Rio, e os criminosos que dominam a venda de drogas na comunidade.
E um dos principais elos entre o evento e o tráfico foi o depoimento de Celio Caetano, um dos organizadores do evento preso com o cantor na última quarta-feira (17/2). Aos investigadores, ele confirmou que nenhum show ocorre dentro da comunidade sem a anuência do chefe do tráfico local, Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga.
Celio negou que tenha tido contato com traficantes. No entanto, confirmou à polícia que foi contratado verbalmente por um DJ para realizar o evento, fornecendo equipe de som pelo valor de R$ 5,5 mil. A testemunha informou ainda que Belo tem equipe própria e não usou o equipamento, utilizado por DJs antes e depois da apresentação do pagodeiro. Em entrevista exclusiva ao colunista Leo Dias, aos prantos, Belo disse que foi injustiçado.
Em nota, a defesa de Belo afirmou que “o cantor não conhece nenhum dos personagens mencionados no depoimento de Célio Caetano e, portanto, não teria como fazer quaisquer afirmações sobre uma suposta autorização de pessoas ligadas ao tráfico para que o show ocorresse, considerando-se ainda que a contratação da apresentação se deu entre uma empresa com CNPJ ativo e a empresa que gerencia a sua carreira musical”.
Celio Caetano — assim como Belo — ficou preso por pouco mais de 24 horas e conseguiu um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio. Ele também teve bens apreendidos e valores bloqueados em contas correntes. Todos são investigados pelos crimes de infração de medida sanitária preventiva, esbulho possessório (pela invasão da escola) e organização criminosa, além de provocar epidemia.
A polícia agora busca provas do envolvimento de Alvarenga no financiamento do evento. O criminoso controla a venda de drogas na região há mais de uma década e é considerado foragido desde 2006.