Polícia não localiza alvará de clínica onde morreu mulher que fez lipo
Especialistas apontam erros do médico que resultaram na morte na diarista. Em consulta preliminar, nome do profissional não foi encontrado
atualizado
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Rio de Janeiro – Durante as mais de seis horas de depoimento prestado à polícia, o médico colombiano Brad Alberto Castrillon SanMiguel relatou com detalhes os medicamentos e cada passo dos procedimentos que realizou na diarista Maria Jandimar Rodrigues, de 39 anos.
A paciente morreu na última sexta-feira após uma sessão de hidrolipo, realizada no consultório do profissional, no Carioca Offices, na zona norte.
No depoimento ao qual o Metrópoles teve acesso, SanMiguel não revela o nome de sua clínica e, em uma busca preliminar, a polícia não localizou a licença sanitária necessária para que ele realizasse procedimentos no local.
Integrante da Sociedade de Cirurgia Plástica, o médico Wendell Uguetto avaliou o depoimento a pedido do Metrópoles e aponta uma sequência de negligências cometidas pelo profissional.
“Para começar, essa clínica ou consultório deveria ter equipamentos para reanimação de pacientes, como carrinho de parada com desfibrilador, tubos e monitores. Depois, com uma parada cardíaca em curso e convulsão, ele jamais deveria ter tentado removê-la de táxi. Tinha que ter chamado o Samu”, alerta o cirurgião.
Wendell ressalta que a hidrolipo é muito procurada por ser mais barata, uma vez que é feita com solução anestésica local. No entanto, é mais prejudicial ao paciente, que precisa de muitas sessões para atingir o resultado.
“Um dos erros mais graves é ter usado a solução de Klaine (composto que forma o sedativo local) acima da dosagem indicada, o que fez uma intoxicação leve no primeiro procedimento. No segundo, ao repetir a dosagem mais alta, intoxicou grave.
Além disso, tratou a convulsão como se fosse crise de ansiedade, o que resultou na parada cardíaca. Uma sequência de erros que resultam no óbito da paciente”, avalia.
Conduta inadequada
Outros profissionais ouvidos pelo Metrópoles, que não quiseram se identificar, apontam ainda que o médico tentou reverter a convulsão com medicação via oral. Eles fazem ainda outros questionamentos a respeito da conduta do profissional, como, por exemplo, o motivo de o procedimento ter sido feito num consultório.
No depoimento que prestou à polícia por mais de seis horas, o médico disse ter prestado socorro por 30 minutos ininterruptos a Maria Jandimar Rodrigues, de 39 anos. Brad Alberto precisa, no entanto, apresentar às autoridades as licenças e permissões para realização de procedimentos estéticos em seu consultório.
Ele diz que mantém a unidade em sociedade com uma amiga, identificada como Aline Amorim. A amiga, segundo Brad, acompanhou a intervenção em Maria Jandimar e gravou o atendimento a partir dos primeiros sinais de reação adversa.
O delegado que investiga o caso, Renato Carvalho, também aguarda resultado de exames complementares do Instituto Médico-Legal (IML) para identificar a causa da morte da diarista, classificada como inconclusiva numa primeira análise.