Polícia matou 6.416 pessoas em 2020, número recorde
Letalidade policial cresce ano após ano, mostram dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicados nesta quinta-feira (15/7)
atualizado
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Apesar da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), o número de pessoas mortas durante intervenções policiais no país atingiu, em 2020, o maior nível da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), iniciada em 2013.
Dados publicados nesta quinta-feira (15/7) no 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que 6.416 pessoas foram mortas pela polícia ao longo do ano passado.
Trata-se de uma alta de cerca de 1% em relação a 2019, quando 6.351 pessoas perderam a vida em ações policiais. O indicador cresce ano após ano. Em 2013, no início da série histórica, houve 2.212 mortes decorrentes dessas intervenções.
Segundo o anuário, 50 cidades concentram 55,8% de toda a letalidade da polícia.
Os números revelam também que 78,9% dessas vítimas eram negras; 98,4%, homens; e 76,2% tinham entre 12 e 29 anos.
“O racismo estrutural é uma grande chave para pensar e entender o Brasil”, assinala o coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques, em conversa com o Metrópoles.
“Nós vemos uma vulnerabilidade maior da população negra e jovem em intervenções policias”, complementa.
Entre as 50.033 vítimas de mortes violentas intencionais (MVI) ocorridas em todo o país no ano passado, 76,2% eram negras; 54,3, jovens; e 91,3%, homens.
“Então, pensando do ponto de vista de que o Estado deveria, na realidade, proteger esses grupos vulneráveis, é também um estado que mais tem contribuído com uma desigualdade”, comenta o especialista.
Veja a letalidade de policiais de acordo com a unidade federativa: