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Polícia investiga ligação entre mortes de dois ex-milicianos no RJ

Mortes podem ter sido motivadas pela disputada entre o poder da milícia e o tráfico de drogas; Dois PMs e um polícial penal foram presos

atualizado

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Reprodução/RJ2
rj pms presos suspeitos de matar ex-milicianos
1 de 1 rj pms presos suspeitos de matar ex-milicianos - Foto: Reprodução/RJ2

Rio de Janeiro – A polícia do Rio de Janeiro apura uma possível ligação entre as mortes de ex-milicianos no período de 24 horas. A disputa pelo poder entre a milícia e o tráfico de drogas no Rio, situação que levou terror aos moradores a Zona Oeste da cidade nos últimos meses, pode ter motivado os crimes.

Na terça-feira (2/5), o corpo do chefe da Gardênia Azul, Leandro Siqueira Assis, conhecido como Gargalhone, foi encontrado com várias marcas de tiros, dentro de um veículo alugado, na Barra da Tijuca. Cerca de seis horas depois, houve um duplo homicídio em Búzios, a cerca de 200 km do local.

Os dois homens foram executados em um bar. Um deles, identidicado como Horácio Souza Carvalho, era ex-chefe da milícia da Chacrinha, do Bateau Mouche e do Morro do Jordão, todas comunidades na região de Jacarepaguá. Ele teria vendido a milícia do Jordão para traficantes com quem se associou, segundo a polícia.

O homem chegou a ser condenado a 22 anos de prisão, porém, a menos de 30 dias, recebeu autorização judicial para cumprir o restante da pena em casa e trabalhar como auxiliar de serviços gerais. A outra vítima foi Maicon Batista Passos.

Prisão

Segundo a polícia, quatro homens foram presos suspeitos do duplo homicídio: Matheus da Silva Gomes, apontado pelos investigadores como miliciano; Taylor Vidal Bruno, agente penitenciário; Ronaldo da Costa Silva, PM; E Cristiano Nascimento Sá, PM.

Em um vídeo obtido pelo g1, é possível ver o momento da prisão dos suspeitos. O diálogo, que acontece após a abordagem do veículo em que eles estavam, é tenso.

O grupo foi abordado por dois PMs que mandam todos saírem do veículo. Após longa e tensa discussão, um dos PMs abordado avisa: “Não coloca a mão na cintura. Se meter, eu vou estalar”, ameaça, usando gíria para “atirar”.

Os suspeitos tentam evitar ser filmados: “Bagulho de homem. Vira essa câmera para lá”, diz um deles, tentando fazer com que os PMs que fazem a abordagem desviem as câmeras acopladas às fardas. Outro suspeito pede que os PMs não chamem reforço e insiste sobre a câmera: “Tampa aí, na moral, papo de homem. Quebra essa aí para a gente. Mano, a gente é homem, parceiro”.

O PM manda todos colocarem a mão na parede e volta e dizer: “Eu não estou brincando, bota a mão na parede. Eu vou estalar”.

Depois, o mesmo policial diz: “Eu não vou prender ninguém, tem algum bandido aí?”. Todos dizem que “não”.

Na sequência, chegam mais três policiais militares e todos são levados para a delegacia, onde os presos disseram que só vão falar em juízo. No carro, foram apreendidas pistolas, munição e granadas.

Mudança de lado

Conforme a investigação da polícia, Gargalhone era miliciano, mas mudou de lado no final de 2022. Segundo a corporação, em 2016, ele fez parceria com o miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto pela polícia. Juntos, eles atuaram em comunidades da Zona Oeste, como a Gardênia Azul. Em 2021, Gargalhone foi preso, mas ficou pouco tempo na cadeia.

Em 2022, Gargalhone se desentendeu com a milícia e se aliou à maior quadrilha de tráfico de drogas do estado. Ele chegou a estar à frente dos recentes ataques à Gardênia Azul.

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