Polícia Federal pediu buscas em endereços de Carlos Marun
Procurado, Marun ainda não se manifestou sobre as suspeitas levantadas pela corporação
atualizado
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A Polícia Federal pediu ao magistrado Edson Fachin, relator da Operação Registro Espúrio no Supremo Tribunal Federal (STF), para realizar busca e apreensão em endereços do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-MS).
As buscas solicitadas, segundo os investigadores, tinham como objetivo avançar a averiguação sobre a suspeita de que Marun mantinha relação com a organização criminosa acusada de fraudar a emissão de registros sindicais na Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Ministério do Trabalho.
Ao solicitar busca contra Marun e sua chefe de gabinete, Vivianne Melo, a Polícia Federal citou conversas de alvos da operação que foram interceptadas. De acordo com os diálogos, explicou a PF, o ministro se valia de sua posição e cargo político para solicitar registros sindicais destinados a entidades de seu interesse.
A Polícia Federal cita mensagens entre a chefe de gabinete de Marun e o ex-coordenador da emissão de registros sindicais no MTE, Renato Araújo, preso na primeira fase da Registro Espúrio. De acordo com a PF, essas conversas revelam a ingerência e demandas apresentadas pelo ministro.
No caso citado pelos investigadores, Marun estaria atuando em favor do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias e Cooperativas de Carnes e Derivados, Indústrias da Alimentação de São Gabriel do Oeste (Sintrael). A entidade é de Mato Grosso do Sul, base eleitoral de Marun.
Nas mensagens citadas pela PF, também aparece Júlio de Souza Bernardo, chefe de gabinete de Yomura. Bernardo foi preso hoje, pela Operação Registro Espúrio, e o ministro foi alvo de busca e afastado do cargo por Edson Fachin.
Para a Polícia Federal, as mensagens entre Bernardo e Renato Araújo mostram que o chefe de gabinete do ministro do Trabalho estaria sendo cobrado para atuar de acordo com os interesses de Marun.
Outro lado
Procurado, Marun ainda não se manifestou sobre as suspeitas levantadas pela PF.
A defesa do ministro do Trabalho, Helton Yomura, negou nesta quinta-feira (5/7) que seu cliente tenha cometido qualquer irregularidade. “O ministro do Trabalho, Helton Yomura, adotou rigorosas providências institucionais para a garantia do interesse público, podendo se destacar: exoneração imediata de todos os servidores sob investigação, abertura de sindicância e processos administrativos para averiguação dos fatos e suspensão de todos os atos que pudessem provocar repercussões no âmbito da investigação”, afirmaram, em nota, César Caputo Guimarães, criminalista do núcleo de direito penal do escritório Nelson Wilians e Advogados, e André Hespanhol, advogado criminalista.
Segundo o texto, a defesa recorrerá contra a decisão de afastamento de Yomura. “Tendo a certeza de não ter cometido nenhum ato ilícito e que suas ações correspondem a uma política de valorização dos trabalhadores e das instituições, o ministro Helton Yomura, mesmo não sabendo sobre quais atos está sendo acusado, nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade”, afirma. Os demais citados não haviam sido localizados até a publicação da notícia.