metropoles.com

Contra ocultação de provas, PF deflagra 2ª fase da Operação Greenfield

Todas as ações, inclusive o cumprimento de mandado de prisão temporária, ocorrem por determinação do juiz Vallisney de Souza, do DF

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
PF Policia Federal
1 de 1 PF Policia Federal - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (8/3) a 2ª fase da Operação Greenfield, que investiga desvios de R$ 8 bilhões nos fundos de pensão Funcef, Petros, Previ e Postalis. Cerca de 30 policiais cumprem cinco mandados judiciais em São Paulo e dois em Mato Grosso do Sul. Todas as ações, inclusive o cumprimento de mandado de prisão temporária, foram autorizadas pelo juiz Vallisney de Souza, titular da 10ª Vara da Justiça Federal no DF.

O empresário Mario Celso Lopes, antigo parceiro de negócios da holding J&F, e seu filho Mário Celso Lincoln Lopes, são sócios da Eucalipto Brasil alvo dos mandados. Segundo investigadores, a dupla é aliada do sócio de Joesley Batista, sócio do grupo que controla a JBS, dona da Friboi.

No caso de Mário Celso Lopes, também foi cumprida uma ordem de prisão temporária por cinco dias. As medidas têm o objetivo de recolher provas de que os envolvidos praticaram crimes como gestão fraudulenta de Fundos de Pensão que realizaram investimentos no Fundo de Investimentos em Participação (FIP) Florestal. O FIP recebeu aporte de cerca de R$ 550 milhões dos fundos de pensão Petros e Funcef e, por isso, é um dos alvos da investigação iniciada em 2014, pelo Ministério Público Federal (MPF).

Segudno a Procuradoria, as investigações da Greenfield revelaram que Mário Celso Lopes participou da constituição da Florestal S/A (atual FIP Florestal). Na época, o empresário era o principal sócio da MCL Empreendimentos e Negócios LTDA, que se aliou ao Grupo J&F Investimentos para a formação da companhia que, posteriormente, entre os anos de 2009 e 2010, recebeu os aportes financeiros de Petros e Funcef.

Para justificar o pedido de prisão de Mário Celso, o MPF relatou à Justiça a descoberta de movimentações recentes como a assinatura de contrato cujo objetivo seria o de dificultar as investigações. As medidas judiciais foram autorizadas pela 10ª Vara Federal, em Brasília, e estão sendo cumpridas nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Em novembro do ano passado, após a deflagração da Operação Greenfield, a Eldorado firmou um contrato de R$ 190 milhões com a empresa Eucalipto Brasil S/A.

“Chamou a atenção dos investigadores o fato de, menos de um mês após o fechamento do negócio, ter ocorrido a retirada de uma cláusula do contrato. A alteração beneficiou Mário Celso em detrimento da Eldorado e dos sócios minoritários: Funcef e Petros. O Ministério Público Federal suspeita que a medida tenha sido uma articulação com o propósito de comprar o silêncio de Mário, já que este conhecia as irregularidades envolvendo o recebimento dos recursos dos fundos de pensão”, diz nota da Procuradoria.

Para os investigadores, todas as movimentações acionárias e negociações que viabilizaram os investimentos feitos pelos dois fundos de pensão beneficiaram Mário Celso Lopes e seu filho e sócio Mário Celso Lincoln Lopes.

A empresa Eldorado Celulose passou a ser investigada pela Operação Greenfield após a descoberta de indícios de irregularidades no processo de escolha da empresa para receber recursos dos fundos de pensão. Para os investigadores, os responsáveis pelos investimentos no FIP Florestal atuaram ilicitamente e admitiram a superavaliação dos ativos que foram objeto de investimento.

Com isso, mesmo fazendo um grande aporte de capital próprio (cada fundo investiu R$ 275 milhões) e assumindo grandes riscos, Funcef e Petros não tiveram o controle da empresa Florestal.

Outro indício de irregularidade apontado pelo Ministério Público Federal ocorreu no momento da fusão entre a Florestal e a Eldorado. Com o propósito de reduzir ainda mais a participação acionária de Funcef e Petros na nova companhia, houve uma nova superavaliação, desta vez dos ativos da Eldorado.

“Os investigados Joesley Mendonça Batista (e seu irmão Wesley Batista) e Mário Celso Lopes (assim como seu filho e sócio Mário Celso Lincoln Lopes) conseguiram o controle de uma nova grande empresa sem precisar ter realizado o investimento condizente com o valor de tal empresa. A partir de então, tiveram o porte necessário para obter, junto ao FGTS e Caixa Econômica Federal (entre outros bancos), financiamentos e empréstimos que permitiram alavancar ainda mais o valor da Eldorado, gerando a empresa que hoje é uma das líderes do mercado de celulose no Brasil”, descreve um dos trechos da petição.

O MPF pediu o bloqueio dos bens, ativos, contas bancárias e investimentos pertencentes a MCL Empreendimentos e Negócios, MCL Participações, Mário Celso Lincoln Lopes , Mário Celso Lopes e Eucalipto Brasil S.A. Solicitou ainda o sequestro de bens como imóveis e cotas sociais dos envolvidos. A intenção com essas medidas é assegurar — em caso de condenação — a recomposição do prejuízo causado aos fundos.

Atualmente, o valor está estimado em R$1,7 bilhão. A Justiça também acatou o pedido de afastamento dos sigilos bancário, fiscal, telefônico, telemático de todos os documentos apreendidos na operação.

A reportagem encaminhou e-mail solicitando um posicionamento da J&F.

Operação
Segundo a Polícia Federal, os novos alvos integram um esquema de cooptação de testemunhas que poderiam auxiliar as investigações. Elas, eventualmente, ocultariam provas. A suspeita é que um contrato de R$ 190 milhões entre os dois principais sócios de um dos maiores grupos empresariais investigados pela Greenfield tenha sido empregado para mascarar o suborno a um empresário concorrente para que não revelasse informações de interesse da investigação.

Uma testemunha informou à PF que o contrato de fornecimento de massa florestal de eucalipto para produção de celulose foi apenas uma forma de recompensar o silêncio de um ex-sócio que poderia auxiliar a investigação. Em virtude do sigilo judicial que recobre a investigação, a Polícia Federal não detalhou as provas recolhidas pelos na operação Greenfield.

Na primeira fase, que ocorreu em setembro do ano passado, os alvos pertenciam a Funcef (Caixa Econômica Federal), Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Postalis (Correios). O empreiteiro José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, da OAS, chegou a ser preso.

A decisão judicial ainda determinou o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?