Polícia do RS indicia 5 enfermeiras por desvio de doses de vacina da Covid
Servidoras anteciparam a aplicação do imunizante em familiares e amigos. Elas foram indiciadas por peculato e falsidade ideológica
atualizado
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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) informou, na manhã desta quinta-feira (30/9), ter indiciado cinco enfermeiras e técnicas de enfermagem por desvio de imunizante contra o novo coronavírus em um posto de saúde da zona sul de Porto Alegre.
A investigação apurou que as servidoras, fora do calendário de vacinação, desviaram doses das vacinas para aplicá-las em pessoas do próprio círculo social. O grupo também teria ofertado imunizantes a pessoas que aleatoriamente procuraram o posto, sob a justificativa de que as doses faziam parte da xepa.
Além de desviar as doses e aplicá-las em desconformidade com os critérios sanitários — ou seja, fora do calendário vacinal e sem observar a idade ou presença de comorbidade —, as servidoras tencionavam cadastrar falsamente as vacinas como se fossem xepas, para, segundo a polícia gaúcha, “mascarar o desvio e escapar da responsabilização, omitindo a inclusão dos vacinados no sistema nacional de imunização”.
As profissionais da saúde foram indiciadas pelos crimes de peculato, infração de medida sanitária e falsidade ideológica.
Ao Metrópoles, o delegado Gabriel Bicca disse que foram “beneficiadas” ao menos 20 pessoas. “Elas abriram os frascos e vacinaram antes do calendário e fora dos critérios e diziam que eram sobra da vacina. Aplicaram em amigos e familiares; no irmão, no cunhado, no pedreiro, no amigo de infância. E, para atender as pessoas conhecidas, acabaram abrindo para as pessoas que foram aleatoriamente no lugar”, detalhou o investigador.
A polícia cumpriu 21 mandados de busca e apreensão que foram fundamentais para demonstrar a aplicação em desconformidade com o Plano Nacional de Imunização. Foram ouvidas mais de 30 pessoas no curso da investigação, além das medidas judiciais cumpridas.
No curso da investigação, outras denúncias de doses aplicadas de maneira irregular surgiram e estão sendo apuradas, informou a PCRS.
O inquérito policial foi remetido ao Poder Judiciário na tarde dessa quarta-feira (29/9). Uma cópia do procedimento policial será remetida ao Ministério Público para apuração sob o aspecto da probidade administrativa do fato.