Polícia Civil investiga uso de laranja para não pagar ICMS em Goiás
Uma única transportadora devia mais de R$ 300 mil de impostos, mas policiais suspeitam que mais empresas podem ter se beneficiado do esquema
atualizado
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Goiânia – A investigação da Polícia Civil de Goiás que apura o uso de um laranja como proprietário de uma transportadora para não pagar impostos pode chegar aos nomes de outras empresas.
Batizada de “Cítrico”, em referência aos frutos, a operação foi deflagrada nesta quinta-feira (17/2) com o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão. São investigados dois empresários, quatro contadores e um servidor público que participariam do esquema.
O principal investigado é o dono da Transmodelo Logística, do ramo de transporte de cargas, que fica em Aparecida de Goiânia. Segundo a investigação, mais de R$ 300 mil em ICMS não foram pagos por essa empresa.
No entanto, a pessoa que estava como proprietário da Transmodelo era um laranja, que nem sabia ser o dono. Também há suspeita de que esse mesmo laranja foi usado em outras empresas, como uma universidade e uma oficina mecânica, que são do outro empresário investigado. Os valores do imposto devido nesses outros estabelecimentos ainda estão sendo apurados.
“O contador confessou esse caso, mas é sabido de que ele faria isso para outras empresas também. Quais são, a gente ainda não tem essa relação. Nos documentos apreendidos com certeza vão aparecer tratativas com outras pessoas. Aí vai possibilitar novas investigações”, explicou ao Metrópoles o delegado Marcelo Aires, da Delegacia de Investigação de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT).
Esquema
Um mesmo grupo de contadores é que organizava os contratos dessas empresas em nome de um laranja. Para cada contrato, os participantes do esquema recebiam R$ 300, segundo o delegado.
Para que o esquema funcionasse, também foi necessária a participação de um servidor público da Junta Comercial de Goiás (Juceg) em Morrinhos (GO). Ele garantia que a empresa fosse criada mesmo com assinaturas e selos falsos nos documentos.
Marcelo Aires disse que esse tipo de crime é bastante comum e levanta o alerta sobre a necessidade de manter a segurança dos dados pessoais.
“Esse modus operandi é muito comum aqui. Pessoas achando que se livram das dívidas trabalhistas, jogando a empresa em nome de laranja. Volta e meia aparecem vítimas aqui dizendo que descobriu empresa no nome delas. Aí investigamos para saber os motivos”, explicou o investigador.
Crimes
Nos cumprimentos dos mandados de busca foram apreendidos aparelhos eletrônicos, como celulares e computadores, além de documentos. Os empresários, contadores e o servidor serão investigados por crime tributário, associação criminosa, falsidade ideológica e documental. As penas somadas são de mais de 12 anos.
O nome dos investigados não foi divulgado, mas o Metrópoles entrou em contato com o advogado do contador da empresa e aguarda um retorno.