Vereador do PSL é preso por obrigar funcionários a devolver salários
Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, prisão temporária ocorreu porque Claudio Duarte agia para atrapalhar as investigações
atualizado
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Acusado de obrigar funcionários a devolver parte dos salários, o vereador de Belo Horizonte Claudio Duarte (PSL-MG) foi preso nesta terça-feira (2/4). Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, a prisão temporária dele, pelo prazo de cinco dias, ocorreu porque o político agia para atrapalhar as investigações.
Duarte, correligionário do presidente Jair Bolsonaro (PSL), é suspeito de peculato, concussão, formação de organização criminosa e obstrução de Justiça. Segundo as investigações, os funcionários devolviam R$ 10 mil dos R$ 11 mil dos proventos. Quatro assessores também foram presos.
A juíza Patrícia Santos Firmo afastou os cinco envolvidos dos cargos que ocupavam e bloqueou os bens do vereador. Ela autorizou ainda cinco mandados de busca e apreensão na casa de Duarte, no gabinete e em outros endereços ligados a ele. Computadores, celulares e documentos foram levados pelos investigadores.
O parlamentar foi encaminhado para o Departamento Estadual de Investigação de Fraudes. Para fortalecer a musculatura da investigação, a Polícia Civil quer ouvir 10 funcionários do gabinete do vereador.
O delegado responsável pelo caso, Domiciano Monteiro, acredita que a fraude foi articulada antes de Claudio Duarte tomar posse. Os desvios podem ter superado R$ 1 milhão. “Tão logo o salário caía na conta, os funcionários tinham de providenciar o saque para o repasse em espécie”, explicou o delegado. A polícia sabe exatamente o número de servidores que participaram do esquema. Ao todo, 35 passaram pelo gabinete.
O advogado do vereador, Enio Dias de Jesus, considerou a prisão “absurda” e disse não saber do teor das denúncias. “Vou verificar qual a fundamentação da prisão preventiva, que neste momento entendemos como absurda”, disse, ao chegar à delegacia.
Duarte chegou à Câmara Municipal de Belo Horizonte em 2017, pela primeira vez num cargo eletivo. Ele recebeu 4.513 votos, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).
Laranjal
Essa não é a primeira vez que o partido do presidente é envolvido em supostas fraudes no estado mineiro. A Polícia Federal investiga se o PSL usou candidaturas laranja em Pernambuco e em Minas Gerais na última eleição. O caso ficou conhecido como Laranjal do PSL.
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que era presidente do diretório estadual do PSL em Minas no ano passado, é acusado de envolvimento no esquema. Ele nega envolvimento no caso.